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Em 1786, sobe ao trono da Prússia Frederico Guilherme II, que é um entusiástico violoncelista amador. Ele nomeia Luigi Boccherini (1743-1805), autor de inúmeros quintetos, como compositor de câmara da corte.
Talvez com a esperança de conseguir uma encomenda, ou nomeação para um posto lucrativo, Mozart começa, no ano seguinte, a composição de dois quintetos de cordas. A configuração que ele adota é a de dois violinos, duas violas e um violoncelo, com a intenção de dar a este último um papel de destaque.
O rei encomendou a Mozart, em 1790, alguns quartetos de cordas. Mozart compôs três, que foram suas últimas obras no gênero: os chamados quartetos prussianos. Quanto aos quintetos, não se sabe se o rei chegou a ouvi-los, mas o fato é que não fez nenhuma encomenda, tanto assim que o compositor os ofereceu à venda por subscrição.
O Quinteto em Sol Menor, K. 516, é uma das maiores obras de Mozart. É também uma das mais tristes, mais sofridas.
O maestro inglês Colin Davis, grande admirador e grande intérprete de Mozart, disse certa vez em uma entrevista: “Basta arranhar um pouco a superfície do estilo galante das obras de Mozart para descobrir a dor subjacente”. Isto não é necessário no caso do Quinteto em Sol Menor. Raras vezes em sua obra a dor aflora com tanta força, quase diria, com tanta violência.
Até o Minueto, segundo movimento, é de profunda agonia: “Pai, afasta de mim este cálice”, mas “seja feita a tua vontade”, é a metáfora que seu biógrafo Alfred Einstein usa.
No Adagio ma non troppo seguinte, os instrumentos tocam com surdina. O clima é o de uma prece solitária, desesperançada.
Apenas no Allegro final, depois de uma introdução trágica, Mozart passa para a tonalidade de Sol maior. Um final alegre? Alguns comentaristas acham assim, mas outros reconhecem aqui o tom maior desconsolado que Mozart usa em tantas de suas últimas obras.
Mozart – Quinteto de Cordas em Sol Menor, K. 516 | Benjamin Bowman, Sini Simonen, Michel Camille, Steven Dann e Ursula Smith (cordas)