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Clara Wieck, então noiva de Schumann e grande pianista, estava ausente, em uma turnê de sete meses. Mas Clara e Schumann se correspondiam frequentemente. Em fevereiro de 1838, ele escreveu para ela:
“Talvez tenha sido um eco do que você uma vez me disse – que eu às vezes parecia uma criança; mas, seja como for, de repente me assaltou uma inspiração, e então rabisquei umas trinta pecinhas, das quais selecionei doze… Acho que você vai gostar, mas vai ter que esquecer que é uma virtuose.”
“Rabisquei pecinhas” não faz justiça a essas lindas peças cuidadosamente buriladas. Algumas delas são de fato simples e podem ser tocadas por uma criança talentosa, mas o conjunto é de recordações que um adulto tem da infância.
“Elas são autoexplicativas”, disse Schumann a Clara, mas deu-lhes títulos que sugerem diferentes climas emocionais.
Ritter vom Steckenpferd (Cavaleiro do cavalinho de pau), por exemplo, é exuberante. Hasche-Mann (Cabra-cega) é maníaca em seus volteios. Bittendes Kind (Criança suplicante) e Kind im Einschlummern (Criança adormecendo) estão entre os retratos mais tocantes.
Schumann cria, na verdade, um pequeno ciclo, que vai da beleza misteriosa de Von fremden Ländern und Menschen (De terras e povos distantes) à etérea magia de Träumerei (Sonhando) e à transcendental peroração de Der Dichter spricht (O poeta fala), que se dissolve em um sussurro nas notas graves do piano.
Schumann – Kinderszenen (Cenas infantis), Op. 15
Vamos ouvir o pianista Daniil Trifonov interpretar Träumerei:
E, a seguir, a pianista Martha Argerich interpreta o ciclo completo:
Imagem: Filhos de Robert & Clara Schumann