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Gustav Mahler (1860-1911) compôs nove sinfonias. As quatro primeiras são conhecidas como as Sinfonias Wunderhorn.
Fascinado pela antologia de poemas folclóricos alemães Des Knaben Wunderhorn (A Trompa Mágica da Juventude), reunidos por Achim von Arnim e Clemens Brentano, Mahler usou um deles, Das himmlische Leben (A Vida no Céu), como tema central de sua Sinfonia nº 4 e de seu movimento final. O compositor trabalhou, por assim dizer, de trás para frente, de tal maneira que a canção pudesse aparecer como a conclusão lógica dos três primeiros movimentos.
A Sinfonia nº. 4 é a mais obviamente clássica e também a mais breve de todo o ciclo das Sinfonias Wunderhorn, com apenas 55 minutos. A obra explora o caminho da experiência à inocência, da complexidade à simplicidade, da vida na terra à vida no céu.
São quatro os seus movimentos, que usam o formato clássico tradicional, exceto o final. O primeiro, Bedächtig, nicht eilen (Circunspecto, calmo), tem a tradicional forma sonata-allegro; o segundo, In gemächlicher Bewegung, ohne Hast (Moderado, sem pressa), é um Scherzo; o terceiro, Ruhevoll (Tranquilo), é um tema com variações.
A orquestração de Mahler é delicada e ondulante, com ênfase nos instrumentos mais agudos, que sugerem vozes de crianças. Os sinos de trenós, que aparecem logo no início da sinfonia, voltam diversas vezes no decorrer do movimento final, evocando o inverno e o Natal. O violino solo é o narrador musical, assumindo diferentes sentimentos e qualidades em cada movimento.
O último movimento, Das himmlische Leben, descreve a visão de uma criança do céu: uma vida feliz, com muita dança e muita brincadeira, com boa música e boa comida (aspargos, feijão, coelho, peixe, vinho) e cheia de santos e mártires. A criança não tem escrúpulos em descrever Herodes matando um cordeiro, ou São Lucas abatendo um boi.
Mahler escreveu na partitura: “para ser cantado com um tom infantil e sereno, absolutamente sem ironia”. A melodia é uma canção de ninar docemente ritmada. Várias vezes, no entanto, o refrão descendente da soprano é rudemente interrompido pelos sinos de trenós usados no início da obra.
Mahler – Sinfonia nº. 4 | Magdalena Kožená (mezzo soprano) e Orquestra do Festival de Lucerna regida por Claudio Abbado