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Os doze Choros de Villa-Lobos (dois foram perdidos) datam da década de 1920. O Choro nº. 5, Alma Brasileira, composto em 1925, é o único escrito para piano solo. Estreado em 1927, no Rio de Janeiro, foi dedicado a Arnaldo Guinle.
A peça se inicia misteriosamente. Villa-Lobos anota no começo da partitura: para a mão direita, “vago e bem distinto”, e, para a mão esquerda, “murmurando e bem ritmado”. Como o intérprete deve entender esse “vago e bem distinto”? Vago, no sentido de devaneio, de horas vagas em fim de tarde, talvez. E “bem distinto” no sentido de bem destacado dos baixos, que se encontram nesse ritmo murmurado.
Há um tom de seresta, o musicólogo Adhemar Nóbrega assinala bem: “Muito a propósito, o autor faz ouvir, simultaneamente, o implacável recorte rítmico do acompanhamento e o canto livre e descontraído, dando uma disfarçada impressão de rubato ou da expressão melódica se retardando, que é característica dos seresteiros”.
A parte central da peça corta a sugestão de langor para inserir um núcleo de ritmo poderoso. Enfim, retorna à seção inicial.
Villa-Lobos encerra a Alma brasileira nessa impressão dual: abandono e pulsações veementes.
Villa-Lobos – Choros nº. 5, Alma Brasileira | Nelson Freire (piano)