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Na liturgia luterana, a celebração da Páscoa se estendia por três dias: domingo, segunda e terça-feira de Páscoa.
Bach escreveu a Cantata BWV 6 para a segunda-feira de Páscoa. O evangelho desse dia é o dos discípulos de Emaús, narrado em Lucas 24. O libretista desconhecido usa no movimento de abertura o apelo dos discípulos de Emaús a Jesus, em Lucas 24:29: “Bleib bei uns, denn es will abend werden” (Fica conosco, Jesus, porque a noite se aproxima).
Seguindo uma tradição bem estabelecida, as palavras dos discípulos de Emaús são transformadas aqui em uma súplica de toda a cristandade. O simbolismo é evidente: sem Jesus, luz do mundo, o homem vive nas trevas e na privação de Deus.
Alfred Dürr, autoridade em cantatas de Bach, considera este coro de abertura uma das grandes realizações da maturidade de Bach. O episódio central é um fugato, e as partes externas são essencialmente compostas em acordes. Os diversos grupos de instrumentistas (oboés, cordas, cantores) se alternam em gestos musicais de súplica muito intensos e expressivos.
A ária seguinte é também muito expressiva e cheia de ousadias harmônicas na descrição da noite que cai.
Um coral, cantado pelo soprano e escrito sobre figurações virtuosísticas do violoncelo, reúne a voz da congregação à prece dos discípulos. Bach transcreveu este coral para órgão e ele foi depois publicado como parte de uma coletânea conhecida como Corais Schübler.
Segue um recitativo do baixo: reparem, logo no início, na palavra dunkelheit, escuridão, refletindo o caráter do trecho.
Vem depois uma bela ária para o tenor, que retoma o tom de súplica do coro inicial, “Jesu lass auf dich sehen” (Jesus deixa-nos contemplar tua face).
Um coral muito sóbrio conclui a obra.
Bach – Cantata BWV 6 | Bach Collegium do Japão regido por Masaaki Suzuki