Bach – Cantata BWV 208

As comemorações do aniversário do Duque Christian de Saxe-Weissenfels se estendiam por várias semanas. As festividades incluíam várias caçadas, já que ele era amante dessa prática.

A Cantata da Caça (Jagdkantate), BWV 208, foi executada “na mesa grande do hall do Pavilhão de caça do Duque”, como Tafelmusik (música de mesa, divertimento musical), depois de uma caçada, em 23 de fevereiro de 1713, aniversário do duque.

Bach não poupou engenho e arte nesta que é sua primeira cantata profana que chegou até nós. A orquestração é comparativamente rica: duas trompas, dois oboés, taille (oboé tenor), fagote, cordas e contínuo. O clima da cantata é pastoral.

O libretista cria um enredo alegórico com personagens da mitologia grega. Diana, a deusa da caça, começa com um recitativo seguido da ária Jagen ist die Lust der Götter (Caçar é o prazer dos deuses).

Endymion, amante de Diana, se queixa de que ela não lhe dá mais atenção. Em sua ária, o baixo contínuo assume um papel solista de grande virtuosismo. Diana nega e diz que estava celebrando o aniversário do ilustre duque Christian. Se é assim, diz Endymion, vamos celebrar juntos.

Agora é a vez de Pan, deus das florestas, render sua homenagem. O acompanhamento por oboés tem aqui um caráter marcante, quase obstinado.

Pales, deusa dos rebanhos e dos pastores, canta a ária Schafe können sicher weiden (Os carneiros podem pastar tranquilos) – uma das mais conhecidas de Bach. O acompanhamento por flautas doces é suave e etéreo e contrasta com os oboés da ária de Pan. Pales é a última deusa a se apresentar.

O enredo, se podemos assim chamá-lo, acabou. Seguem-se novas homenagens ao Duque em movimentos breves: um coro, um dueto e duas árias. Um coro festivo conclui a obra.

Bach – Cantata da Caça, BWV 208 | ARTEK, com Laura Heimes (soprano, Diana), Clara Rottsolk (soprano, Pales), Andrew Fuchs (tenor, Endymion), Peter Becker (baixo, Pan) e Gwendolyn Toth (cravo e regência)