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Terças Ilustres – #1 Jorge de Almeida

Dando início à série “Terças Ilustres”, convidamos Jorge de Almeida, professor de Literatura Comparada e Teoria Literária da USP e autor do livro Crítica Dialética em Theodor Adorno: música e verdade nos anos vinte (Ateliê, 2007), para montar uma playlist para Clássicos dos Clássicos: o tema escolhido foram os “anos vinte”.

Leia o seu texto de apresentação a seguir e ouça a playlist, abaixo:

“Cem anos atrás, outros “anos vinte” traziam para o mundo ares de esperança e renovação, após a catástrofe da Grande Guerra. O adjetivo “novo” marcava as novidades do Modernismo: uma “nova poesia”, uma “nova arquitetura”, uma “nova objetividade”, e uma “nova música” para esse “novo homem”. A marca desses anos (chamados de “loucos” pelos franceses, “dourados” pelos alemães, e “crepitantes” pelos ingleses e americanos) era a diversidade. Progresso e reação coexistiam numa elaborada confusão, enquanto as tentativas de romper com formas antigas se contravam com o anseio pelo estabelecimento de uma “nova ordem”, tanto musical quanto social.

Nossa lista inclui belas obras camerísticas e orquestrais dos anos 1920: começando com a Primeira Kammermusik (1922) de Paul Hindemith, na qual ecoam os anos conturbados da República de Weimar; o Octeto (1923) de Igor Stravinsky, compositor radical em busca de um novo classicismo; O Terceiro Quarteto de Cordas (1927) de Arnold Schoenberg, consolidação do dodecafonismo; a injustamente esquecida Pequena Suite (1928) de Franz Schreker; o modernismo com melodias populares de Bela Bartók, em sua Suite de Danças (1923); o Terceiro Concerto para Piano (1921) de Sergei Prokofiev, expoente contraditório de uma Rússia revolucionária; o ballet A criação do Mundo (1923), de Darius Milhaud, símbolo de uma Paris enlouquecida; o Concerto Campestre para cravo e orquestra (1927-1929), de Francis Poulenc, que busca juntar o passado e o futuro; um mundo novo que se encontra com o jazz, na conhecida Rapsódia em Blue (1924) de George Gershwin; e, finalmente, a melancólica beleza tropical de nossa música modernista, no Choro 6 (1926) de Heitor Villa-Lobos.

Boas audições!”