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O compositor tcheco Antonin Dvorák (1841-1904) passou três anos nos Estados Unidos, de 1892 a 1895, como diretor do Conservatório Nacional de Música de Nova York. Apesar de essa função lhe trazer uma grande carga de trabalho, estes foram anos muito produtivos do ponto de vista musical, com a composição do Quarteto Americano, do Concerto para Violoncelo e da Sinfonia do Novo Mundo.
Quando se fala nessas obras, sempre surge a questão da influência que a música norte-americana teria tido sobre elas. Nacionalistas americanos diziam: “aqui está, afinal, música clássica americana autêntica, baseada em temas americanos”. Mas Dvorák não aceitou esta tese: “essa história de que usei melodias originais americanas é uma grande bobagem”, disse ele, “eu apenas compus no espírito da música americana”.
No verão de 1893, Dvorák foi com sua família para Spillville, no estado de Iowa, uma pequena comunidade tcheca, e lá ele passou uma temporada muito agradável, em um ambiente em que os costumes, a língua e a comida lhe eram familiares. Foi lá que ele fez o esboço do Quarteto Americano em três dias. Depois, terminou a composição em apenas duas semanas. Dvorák comentou, laconicamente, ao concluí-lo: “Graças a Deus, foi rápido. Estou satisfeito”.
Os tremolos nos violinos preparam a entrada para o tema da abertura, que está na viola, no primeiro movimento – Allegro ma non tropo. As subidas e descidas desse tema e suas síncopes acentuadas fornecem boa parte da substância do movimento. O segundo tema é suave e cantábile. Tal como o primeiro, ele é baseado em uma escala pentatônica, ou seja, uma escala de cinco tons – uma característica comum a canções folclóricas de vários países.
O segundo movimento – Lento –, é talvez o melhor do quarteto. Um tema ascendente no violino, marcado molto espressivo, alça voo sobre um acompanhamento pulsante. A melodia passa do violino para o violoncelo e, daí, para as outras vozes. Reparem, no final do movimento, quando o violoncelo toca a melodia e os outros instrumentos o acompanham, alternando pizzicatos e tremolos. Este é um momento muito especial.
O início do Scherzo é animado e tem o mesmo ritmo da abertura. Esta seção alegre se alterna com interlúdios que são, na verdade, variantes em tom menor do tema inicial. Dvorák usa também o canto do sanhaço escarlate, um pássaro nativo das planícies de Iowa, que ele ouviu cantar em suas caminhadas em Spillville.
O que mais chama a atenção no Vivace final é sua enorme energia rítmica. Alguns críticos associam o episódio central, que é em forma de coral, com improvisações que Dvorák fazia no pequeno órgão da igreja de Spilville. O encerramento é uma corrida desabalada para a coda. Este é um dos movimentos mais eletrizantes que Dvorák escreveu.
Ouça, no podcast a seguir, a interpretação da obra pelo quarteto tcheco Pavel Haas (prêmio da revista Gramophone de Melhor Gravação de 2011):
Assista também ao vídeo com a interpretação do Quarteto Americano pelo Pavel Haas Quartet: