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Cantata BWV 105
BachCantatas de Bach

Bach – Cantata BWV 105

O musicólogo Alfred Dürr é o autor da obra de referência sobre as Cantatas de Bach – um tratado com quase mil páginas (disponível em tradução para o português). Suas avaliações, em geral, são comedidas, muitas vezes severas. Tal não é o caso, porém, da Cantata BWV 105, “Herr, geht nicht ins Gericht”.

Segundo Dürr: “O primeiro Coro se divide em duas partes. A primeira, Herr, geht nicht ins mit deinem Knecht (Senhor, não julgues teu servo, pois diante de ti, ninguém será justificado), é um Adagio, uma espécie de prelúdio. Um episódio instrumental nos leva à segunda parte, uma fuga coral com instrumentos colla parte, isto é, os instrumentos tocam junto as partes vocais.”

Surge, depois, um recitativo, “seguido por uma das árias mais originais e impressionantes de Bach”, na opinião do musicólogo. O texto do recitativo diz resumidamente: “Como tremem e vacilam os pensamentos dos pecadores, que acusam uns aos outros”. Dürr explica: “Tudo isso é descrito em termos musicais: os dois violinos com tremolos em semicolcheias descrevem o tremor citado no texto. Já o oboé obbligato simboliza os vacilos da consciência culpada”.

Dürr continua: “A segunda ária é de um contraste inimaginável com a primeira. O texto diz: ‘Se puder fazer de Jesus meu amigo, Mamon (o demônio) de nada valerá para mim’. As cordas reforçadas por uma trompa são continuamente envolvidas pelas rápidas figurações do primeiro violino. A melodia tem a forma de uma canção, quase uma dança – ritmo e harmonia são relaxados. No final, as vozes entoam uma melodia coral, enquanto o acompanhamento orquestral assume novamente o tremolo da primeira ária. Gradativamente, porém, o tremor se reduz e a cantata termina em um tom conciliatório”.

O musicólogo conclui: “Assim termina uma obra que poderia muito bem ser incluída entre as mais sublimes descrições da alma no barroco e na arte cristã”.

BachCantata BWV 105, Herr, geht nicht ins Gericht | Sibylla Rubens (soprano), Jan Börner (contralto), Bernhard Berchtold (tenor), Tobias Wicky (baixo) e Coro e Orchestra da Fundação J. S. Bach regidos por Rudolf Lutz.

 

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