Obras

O VOLTAR
Bach Cantata BWV 109

Bach – Cantata BWV 109

A Cantata BWV 109, “Ich glaube, lieber Herr, hilf meinem Unglauben” (Eu creio, amado Senhor, ajuda-me em minha falta de fé), tornou-se famosa nos anais da literatura consagrada a Bach por causa das pesadas críticas feitas a seu respeito pelo teólogo e músico alemão Albert Schweitzer.

Schweitzer afirmou: “Na comovente Cantata BWV 109, em que Bach descreve a fé vacilante, a ênfase na pintura tonal é excessiva na música. Aqui somos obrigados a dizer que Bach errou. Ele se aventurou além dos limites naturais da música. O resultado é que, para a inteligência comum, o belo e o melódico se perdem inteiramente no plástico. É um erro, porém, de que só o gênio é capaz”.

O musicólogo italiano Alberto Basso parte em defesa da obra: “O que temos aqui é, na verdade, um milagre de equilíbrio, de elegância, de refinamento. Uma obra atenta à decoração e ao ornamento, é verdade, mas igualmente animada por um um grande sopro expressivo, intensa e vibrante”.

A cantata se baseia no versículo 9:24 do Evangelho de São Marcos: “Eu creio, ajuda-me em minha falta de fé”, mas o libretista interpola o afetuoso trecho “amado Senhor”, que dá à frase e à cantata um caráter mais íntimo, mais pessoal.

A polaridade crença-descrença, tema da cantata, é acentuada ainda mais nas suas duas árias: na primeira, para o tenor, “Wie zweifelhaftig ist mein Hoffen” (Como é incerta a minha esperança), o texto fala de vacilação, ansiedade e medo. Bach o musica com grande inspiração e expressividade. “Esta página é um precioso repositório de invenções melódicas e rítmicas”, diz Alberto Basso.

Na segunda ária, para contralto e dois oboés, a atmosfera é completamente diferente: seu ritmo de minueto, sua clareza e simplicidade retratam a proteção divina e o triunfo da fé.

O coral final é mais extenso e elaborado que de costume, sendo valorizado por interlúdios orquestrais.

Bach – Cantata BWV 109, “Ich glaube, lieber Herr, hilf meinem Unglauben” | Sociedade Bach da Holanda, com Shunske Sato (violino e direção), Alex Potter (contralto) e Daniel Johannsen (tenor).

 

Assine nossa Newsletter

Inscreva-se aqui para receber alertas em seu email sempre que tivermos novos conteúdos por aqui.