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“Es ist ein trotzig und verzagt Ding um aller Menschen Herze“: este é o versículo 9, do capítulo 17 do livro de Jeremias, texto do coro inicial da Cantata BWV 176, de Bach.
A tradução desta frase é difícil: no presente contexto, trotzig quer dizer rebelde, recalcitrante, teimoso como uma criança, e verzagt, inseguro, sem coragem (aqui, usar o termo “covarde” seria pesado demais). Assim, a frase completa seria: “há algo de rebelde e inseguro no coração dos homens”.
A razão de esmiuçarmos essa tradução é o fato de a fuga de abertura ser construída sobre estas duas palavras: trotzig e verzagt. É uma peça sombria e de alta carga emocional: reparem na rebeldia que a palavra trotzig evoca e na insegurança de verzagt.
O recitativo que se segue refere-se ao Evangelho do domingo, João 3:1-15, cujo texto narra o episódio de Nicodemos, que só tinha coragem de procurar Jesus à noite.
A primeira ária para o soprano descreve a espera ansiosa de Nicodemos pelo pôr do sol para ir ter com Jesus. O teólogo e organista Alfred Schweitzer vê, no ritmo desta gavota, Nicodemos caminhando ao pôr do sol com cautela, mas também com alegria.
No quarto movimento, o recitativo seco para o baixo se transforma em um arioso quando o texto parafraseia João 3:15: “a fim de que todo que nele creia tenha a vida eterna”.
Na segunda ária, também em ritmo de dança, o contralto é acompanhado por um oboé da caccia e dois oboés. A música ilustra o texto, que consola e encoraja os tímidos e medrosos e os conclama a render graças e louvor à Santíssima Trindade.
Bach – Cantata BWV 176 | Monika Mauch (soprano), Terry Wey (contralto), Manuel Walser (baixo), Coro e Orquestra da Fundação J. S. Bach regidos por Rudolf Lutz.