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A Cantata, BWV 25, Es ist nichts Gesundes an meinem Leibe (Nada há de são em minha carne), foi baseada no Evangelho de Lucas, capítulo 17, versículos 11-19, sobre a cura de dez leprosos por Jesus.
Partindo deste episódio, o libretista desenvolve a ideia de que o pecado é uma doença – a lepra do pecado que só Jesus pode curar – e vai mais longe: o mundo inteiro é um hospital!
O coro de entrada é uma dupla fuga sobre o texto do Salmo 38, versículo 4: “Es ist nichts gesundes an meinem Leibe” (Nada há de são em minha carne por causa de tua cólera).
À polifonia das quatro vozes, se superpõe uma conhecida melodia coral de Hassler, de 1601. Este coral superposto é harmonizado em quatro vozes, sendo a voz superior confiada a um cornetto dobrado por flautas doces, e as três vozes de harmonia dobradas a outros tantos trombones.
Phillip Spitta, historiador e musicólogo alemão, tem este coro em alta conta e o analisa em detalhe. Ele destaca, em particular, o profundo efeito que a entrada do coral de Hassler produz: “parece cantado por vozes invisíveis, que pairam acima e além das vozes da multidão”.
No terceiro movimento, uma ária para o baixo, “Ach, wo hol ich Armer Rat?” (Ah, pobre de mim, onde vou encontrar conselho?), Bach ilustra o desamparo do pecador com figuras obstinadas sincopadas.
A ária seguinte é totalmente diferente, com seu ritmo de minueto em harmonia com a delicadeza do texto: “Jesus concede a meus pobres cantos os ouvidos de tua graça”. Seu tom quase mundano está em chocante contraste com o início austero e dogmático da obra. Estamos novamente aqui diante de uma daquelas antíteses tão características do estilo barroco.
Bach – Cantata BWV 25, Es ist nichts Gesundes an meinem Leibe | Ensemble Pygmalion regido por Raphaël Pichon