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Bach compôs a cantata Nun komm, der Heiden Heiland (Vinde agora, Salvador dos Gentios) BWV 61 em Weimar para o primeiro domingo do Advento (data de início do ano litúrgico) e a executou em 2 de dezembro de 1714.
O coro de abertura, solene e imponente, segue a forma de uma Abertura Francesa: tradicionalmente esta era a forma usada na França quando o rei chegava ao teatro.
Vem em seguida um recitativo para o tenor, que tende a um Arioso, uma meia ária (Bach tinha muito gosto por melodia).
Na ária para o tenor que se segue – “Vinde Jesus à vossa igreja/ Dai-nos um bom ano novo” –, a melodia é fluente, em estilo italiano.
O ponto alto da cantata é, sem dúvida, o mágico recitativo para o baixo (10’55). O texto é simples – Jesus ressuscitado se dirige aos apóstolos: “Aqui estou e bato à porta. Quem ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei e partilharei a ceia com ele e ele comigo” (Apocalipse, 3:20).
O pianista Julian Mincham comenta: “O pizzicato imita as batidas na porta. As cordas, com a adição de duas violas, criam uma textura de quatro partes acima do contínuo, produzindo um efeito estranho, quase sobrenatural… A impressão que fica é de uma indefinível espiritualidade”.
Segue-se uma ária para soprano que diz, com uma pureza quase infantil: “Abre meu coração para que Jesus possa entrar” (12’15).
Ao invés de encerrar a Cantata citando o coral de abertura, Bach nos surpreende com uma grande harmonização do final do coral “Wie schön leuchtet der Morgenstern” (Como é belo o brilho da estrela da manhã), que foi usado na abertura da Cantata de mesmo nome, BWV 1.
Bach – Cantata BWV 61 | Christine Schäfer (soprano), Ian Bostridge (tenor), Christopher Maltman (barítono), Coro Arnold Schoenberg e Concentus Musicus Vienna, regido por Nikolaus Harnoncourt