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Brahms - Quatro Baladas, Op. 10
Brahms: Mestre do Piano

Brahms – Quatro Baladas, Op. 10

Brahms compôs suas quatro Baladas Opus 10 no verão de 1854, um período de grande carga emocional para o jovem compositor (então com 21 anos). 

Ele estava em Düsseldorf para ajudar Clara Schumann e seus filhos depois da tentativa de suicídio de Robert Schumann, marido de Clara, e da subsequente internação deste em um asilo, onde ficaria até morrer. Robert era seu grande amigo e mentor, e Clara, amiga e musa.

As Baladas marcam o ingresso de Brahms no gênero de peças curtas, em contraste com as grandes Sonatas dos Op. 1, 2 e 5. 

As baladas de Chopin podem ter sido uma referência, mas as escritas por Brahms foram mais inspiradas pela tradição de baladas cantadas, que narram um poema. 

A Balada nº 1 é um exemplo claro disso. A inscrição de Brahms nos diz que ela foi inspirada “pela antiga (e trágica) balada escocesa Edward, traduzida para o alemão e publicada por Herder na coletânea Vozes do Povo. A balada (poema) fala de um jovem que mata seu pai, instigado pela mãe (e isto é só parte da tragédia). Já a Balada (música) reflete a forma de diálogo do poema, porém não é literal, digamos. Mais tarde, Brahms musicou o poema no Dueto Op. 75 nº 1 para contralto e tenor (*).

Não há outras referências poéticas explícitas nas demais baladas da série.

Na Balada nº 2, as partes do início e do fim são serenas e melodiosas. A parte central se divide em duas seções, uma violenta, outra mais calma, mas também intensa.

A Balada nº 3 seria um Scherzo se as Baladas fossem uma sonata. Schumann, no entanto, em um de seus períodos de lucidez, a chamou de “demoníaca”. Sua parte central, em contraste, destaca-se por seu caráter etéreo, nas notas altas do piano. 

A Balada nº 4 é a mais influenciada pelo estilo de Schumann. Logo no início, há uma melodia bem schumanniana, que se alterna com uma seção central mais lenta (que também lembra Schumann). A seção central tem a seguinte indicação de Brahms: “Col intimissimo sentimento, ma senza troppo marcare la melodia”. A indicação de não destacar demais a melodia adverte pianistas para não fazer de sua delicada filigrana apenas um murmúrio de fundo.

Brahms – Quatro Baladas Op. 10 | Arturo Benedetti Michelangeli (piano)

Balada nº 1

Balada nº 2

 

Balada nº 3

 

Balada nº 4

 

(*) Ouça uma bela versão do Dueto Op. 75 nº 1: 

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