CONTATO
Entre em contato conosco.
Depois de seu retorno das estadias em Londres, em 1795, Haydn se dedica quase totalmente à música sacra. Deste período final de sua vida, datam algumas de suas maiores obras: os oratórios A Criação e As Estações, e as seis últimas Missas (das 14 que compôs). Destas, a Missa em Tempo de Guerra, composta em 1796, é uma das mais conhecidas. O título foi dado pelo próprio Haydn e aparece na página de rosto da partitura original. A obra é dividida em seis movimentos: Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus, Benedictus e Agnus Dei.
Em 1796, as tropas austríacas estavam se saindo mal na luta contra os franceses na Itália e na Alemanha. A Áustria temia uma invasão de seu território. Haydn incorporou à obra referências à guerra, especialmente nos dois últimos movimentos, o Benedictus e o Agnus Dei.
O Kyrie abre com uma introdução lenta. Reparem no uso dos tímpanos, o que deu à Missa seu apelido Paukenmesse (Missa dos tímpanos, dos tambores).
Vem em seguida um Allegro introduzido pelo soprano com uma bela melodia, que é retomada pelo coro.
O Gloria é dividido em três partes: Vivace, Adagio e Allegro. O Adagio tem um dueto para barítono e violoncelo, lírico e de grande sentimento, que começa nas palavras qui tollis peccata mundi (que tirais os pecados do mundo).
No Credo, vale a pena destacar a seção Et incarnatus est, que usa os quatro solistas cantando alternadamente e depois o coro.
Seguem-se um vibrante Et ressurrexit e finalmente uma fuga nas palavras Et vitam venturi saeculi (E a vida dos séculos que estão por vir).
Como dissemos, as referências ao tempo de guerra se tornam mais explícitas no Benedictus. A uma introdução orquestral sombria em dó menor, seguem-se intervenções do quarteto vocal, em frases curtas, nervosas. O soprano é acompanhado pelas outras três vozes que cantam notas isoladas, semelhantes a cordas tocando em pizzicato.
Sobre o Agnus Dei final, diz um comentarista: “o centro de gravidade emocional da Missa está neste movimento. A abertura lenta em tom menor é pontuada pelo rufar dos tambores, ameaçador e insistente”.
Subitamente, a música se ilumina com fanfarras brilhantes nos trompetes e um ritmo mais rápido, quase de dança, na celebração da paz: Dona nobis pacem.
Haydn – Missa in Tempore Belli | John Eliot Garnier, The Monteverdi Choir, English Baroque Soloists