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Leoš Janáček (1854-1928) nasceu em Hukvald, mas teve sua vida e obra intimamente relacionadas à cidade de Brno, a segunda maior da República Tcheca. Além de compositor, destacou-se como regente, organista e pedagogo. Ligado às tradições tchecas e inspirado pela música folclórica da Morávia e eslava em geral, cria um estilo moderno e original, construindo uma das obras mais expressivas do século 20.
Entre os principais trabalhos de Janáček estão: Jenufa (ópera), Taras Bulba e Sinfonieta (orquestrais); e o ciclo Uma trilha (re)tomada pelo mato (piano).
Uma trilha (re)tomada pelo mato teve um início modesto. Janáček foi solicitado a escrever arranjos de canções folclóricas da Morávia para o harmônio (instrumento de teclas semelhante ao órgão), que iriam fazer parte de uma série chamada Melodias Eslavas.
E foi com esse título que três das peças, que mais tarde integrariam a Trilha, foram publicadas, em 1901. Estas, porém, tinham deixado de ser simplesmente arranjos de canções folclóricas, tornando-se expressões pessoais do compositor.
Na verdade, as dez peças que compõem o Livro I são, segundo o musicólogo John Tyrrell, algumas das mais profundas e perturbadoras que Janáček compôs. A música não é o que parece ser – começa simples e despretensiosa, mas vai se tornando sombria, obsessiva, começa a doer.
Mesmo um tema aparentemente inocente e alegre raramente continua assim. Ritmos obsessivos, harmonias sombrias e frases irregulares criam um sentimento de estranheza. O uso constante de tremolos relaciona-se ao Cimbalom (instrumento similar ao Dulcimer ou Saltério, de origem medieval, que possui cordas esticadas sobre uma caixa de ressonância de madeira, percutidas por baquetas).
O ciclo é autobiográfico, relembrando a infância rústica, passada nas montanhas e bosques de Hukvaldy, mas a única peça “folclórica”, “rústica”, é a polca Vem conosco!. É formado pelas peças:
Nota: Inicialmente, as peças não tinham títulos. Janáček as batizou a pedido de seu editor.
Janáček deixou claro, em uma carta escrita a um amigo, que certas peças refletem a dolorosa lembrança da morte prematura de sua filha querida, Olga, aos 21 anos, depois de doença muito longa e sofrida (1903): “Talvez você vá sentir as lágrimas na música… a premonição de uma morte certa”.
Janáček – Uma trilha (re)tomada pelo mato | Karolina Syrovatkova (piano)
Conheça também a interpretação do pianista Josef Palenicek tocando as peças em vídeos separados: