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Mahler – Canções do Des Knaben Wunderhorn: Parte 1
Mahler

Mahler – Canções do Des Knaben Wunderhorn: Parte 1

Es sungen drei Engel (Três anjos cantavam)

A maioria das canções escritas por Mahler a partir dos textos do Wunderhorn existem tanto em versão para piano quanto em versão orquestral. Geralmente, a versão para piano é a primeira a ser composta. A única exceção é Es sungen drei Engel (Três anjos cantavam), que foi composta inicialmente como movimento coral da Sinfonia nº. 3

 

“Três anjos cantavam uma doce ária.

Alegre, ela ressoava pelo céu.

Eles bradavam felizes que 

São Pedro fora perdoado de seus pecados.

A alegria celeste é abençoada.

A alegria celeste não tem fim.

A alegria celeste foi dada a Pedro e a todos nós

Pela graça de Jesus.”

 

Na Sinfonia nº. 3, um coro de meninos imita o som de sinos, enquanto um coro de mulheres canta a maior parte do texto. A contralto solista assume o papel do pecador arrependido, que encontrou o perdão e a graça de Deus.

Mahler – Sinfonia nº. 3: Es sungen drei Engel | Sarah Connolly (mezzo-soprano), London Symphony Chorus (coro feminino), Tiffin Boys’ Choir (coro infantil) e London Symphony Orchestra regida por Bernard Haitink

 

Wo die schönen Trompeten blasen (Onde os esplêndidos trompetes soam) 

Da infância passada na cidade de Iglau, na Boêmia, onde havia instalações militares, veio o primeiro interesse de Mahler pela música. Aos quatro anos de idade, ele já conseguia tocar no acordeão as marchas e os toques de ordem que ouvia. Esse fascínio pelas melodias marciais o acompanharia por toda a vida.

Em Wo die schönen Trompeten blasen (Onde os esplêndidos trompetes soam), Mahler usa dois poemas do Wunderhorn, extraindo de cada um apenas os versos que correspondem ao clima de despedida e ao velado pressentimento de morte que queria criar. 

Antes de sua intervenção, havia um diálogo entre dois amantes. Quando Mahler reescreveu a letra, ele a transformou em um encontro entre uma mulher e o fantasma de seu amante, um soldado morto. Sua promessa de que eles ficariam juntos torna-se assim uma profecia da morte dela.

 

“Vou me embora para a guerra na campina verde.

A campina verde é tão distante… 

Lá, onde os belos trompetes soam, lá é o meu lar.

Meu lar no verde gramado.”

 

Maher – Wo die schönen Trompeten blasen | Lucia Popp (soprano) e Israel Philharmonic regida por Leonard Bernstein

 

Des Antonius von Padua Fischpredigt (Sermão de Santo Antônio de Pádua aos Peixes) 

“Uma sátira à raça humana”, assim Mahler definia a canção Des Antonius von Padua Fischpredigt (Sermão de Santo Antônio de Pádua aos peixes).

 

“Na hora do sermão, a igreja está vazia. 

Antônio vai para a margem do rio e prega aos peixes. 

Eles acorrem numerosos, de muitas espécies.

Nunca um sermão lhes agradou tanto.

Terminada a pregação, eles vão embora. 

Os lúcios continuam ladrões; as enguias grandes amantes; 

Os caranguejos andam para trás; os bacalhaus continuam gordos; 

As carpas se empanzinam.

O sermão foi um sucesso, mas eles continuam os mesmos.” 

 

Mahler usou esta canção no Scherzo de sua Sinfonia nº. 2.

Mahler – Des Antonius von Padua Fischpredigt | Thomas Hampson (barítono) e Shanghai Symphony Orchestra regida por Long Yu

Frühlingsmorgen (Manhã de primavera) 

Frühlingsmorgen mostra a inclinação para o caráter campestre e folclórico da música de Mahler. Isso é audível no chilrear das cotovias e no zumbido das abelhas. A música, que parece estar sempre prestes a romper em uma dança animada, acaba desistindo para não acordar o namorado adormecido.

Mahler – Frühlingsmorgen | Felicity Lott (soprano) e Graham Johnson (piano)

 

Der Tamboursg’sell (O menino do tambor)  

Der Tamboursg’sell (O menino do tambor) é a última das canções do Wunderhorn compostas por Mahler. Cantada por um soldado condenado que está na prisão, sua atmosfera é pesada e triste. A melodia possui o caráter de uma marcha fúnebre lenta e longa.

Os tambores são lentos e deliberados, equilibrados por trinados lamentosos. As invocações finais de Gute Nacht! (Boa noite) rivalizam com os momentos finais de sua Sinfonia nº. 6, como a música mais devastadora que Mahler jamais escreveu.

Mahler – Der Tamboursg’sell | Ian Bostridge (ternor) e Orchestra Sinfonica Nazionale della Rai regida por Daniel Smith

 

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