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Mozart escreveu a Grande Missa em Dó Menor, K. 427, em cumprimento à sua promessa de que se ele se casasse com Constanze Weber, comporia uma missa. Mozart nunca terminou a missa, mas a estreou, mesmo incompleta, em Salzburgo, em outubro de 1783, mais de um ano depois do casamento, tendo Constanze como uma das solistas.
As partes da obra que chegaram até nós são o Kyrie, o Gloria, o Credo incompleto (até o Et Incarnatus Est), o Sanctus e o Benedictus, faltando o restante do Credo e o Agnus Dei.
Em 1782, alguns meses antes de seu casamento, Mozart tinha entrado em contato com o Barão von Swieten, que o apresentou às obras de Bach e Händel. Mozart fez várias transcrições de trabalhos desses compositores e, por encomenda do Barão, escreveu uma nova orquestração de O Messias de Händel.
Diz um comentarista: “A Grande Missa em Dó Menor nos apresenta Mozart no seu aspecto mais barroco, pelo menos nos movimentos corais, que poderiam ter sido escritos 20 ou 30 anos antes. A influência principal é de Händel, que era o compositor barroco por excelência para Mozart e Haydn. Assim, nós temos esta justaposição fascinante: por um lado, a flexibilidade, a sensualidade dos solos para os sopranos, e, por outro, os movimentos corais colossais, quase barrocos”.
O biógrafo de Mozart, Alfred Einstein, chama a atenção para o fato de que, além de Händel e Bach, está presente na obra todo o século XVIII, com os grandes compositores italianos.
Mozart realiza esta síntese ousando justapor várias linguagens, sem nos dar a impressão de uma colcha de retalhos. O Cum Sancto Spirito é um fugato, tradicional nas missas austríacas; já o Quoniam possui o alto estilo contrapontístico do barroco; o cromatismo descendente do trágico Qui Tollis simboliza Jesus no caminho da cruz, debaixo de chicotadas, lembrando as Paixões de Bach; e o bel canto napolitano do Et incarnatus est chocou alguns ouvintes que o consideraram profano.