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Poulenc dedicou seu Concerto para Dois Pianos e Orquestra a Winnaretta Singer, Princesa Edmond de Polignac, que era a vigésima dos filhos de Isaac Singer, inventor da máquina de costura Singer, e socialite, casada com um nobre francês que também atuava como compositor amador.
Em 1932, a Princesa solicitou a Poulenc que compusesse um concerto para dois pianos, assim, ele e o pianista Jacques Février, seu amigo de infância, teriam algo para tocar em conjunto. Poulenc completou o trabalho em três meses.
A estreia deu-se em 5 de setembro de 1932, na Sociedade Internacional de Música Contemporânea, em Veneza. Poulenc e Février tocaram juntos, como solistas, acompanhados pela Orquestra do La Scala de Milão. Poulenc comentou: “Tenho que afirmar, sem falsa modéstia, que a estreia foi perfeita… Foi um tremendo sucesso porque a obra é alegre e sem complicação”.
No Concerto, Poulenc procura recriar a atmosfera do elegante Salon da Princesa. A peça é uma obra de transição, combinando o humor travesso da juventude com a crescente vulnerabilidade da fase madura do compositor.
No primeiro movimento, Allegro ma non troppo, os pianistas estão ligados em uma relação intrincada, cheia de referências a canções populares parisienses e em geral de joie de vivre. A coda é especialmente interessante por evocações da música gamelan de Bali, que Poulenc tinha ouvido na Exposição Colonial de Paris em 1931.
O crítico musical Roger Dettmer comentou a respeito deste movimento: “O Allegro ma non troppo tem uma exposição e recapitulação em forma sonata entremeadas por pedaços de canções populares (como croutons em uma salada), que complementam os temas animados do compositor. A seção central, lenta e lânguida, substitui o desenvolvimento antes que Poulenc volte aos boulevards e às boîtes”.
Do segundo movimento, Larghetto, diz Poulenc: “Eu me permiti no primeiro tema retornar a Mozart, porque aprecio a linha melódica e prefiro Mozart a todos os outros compositores”.
O final abre com o rufar da percussão, que se mistura com interlúdios românticos. A orquestra é contida, claramente subserviente aos pianos. Poulenc certa vez disse que este final era de “alegre bravura”, e tinha razão.
Felizmente, temos um registro histórico de Francis Poulenc e Jacques Février acompanhados pela Orquestra Nacional da Rádio e Televisão Francesa sob a regência de George Prêtre:
– 1º Movimento
– 2º Movimento
– 3º Movimento
A seguir, assistiremos a uma interpretação mais atual do Concerto para Dois Pianos, com as pianistas Martha Argerich e Shin-Heae Kang à frente da NDR Radiophilharmonie sob a regência de Andrew Manze: