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Na época em que escreveu Jeux d’Eau (1901), Ravel era discípulo de Fauré, a quem a peça é dedicada.
Quando perguntaram ao compositor como a peça devia ser tocada, ele disse: “como Liszt, claro”. “Claro”, porque o próprio título da obra lembra Les Jeux d’eau à la Villa d’Este, de Liszt. Ravel era um grande admirador da música virtuosística de Liszt, por sua combinação de bravura técnica com belas melodias.
A tradução de Jeux d’Eau seria “repuxo”, chafariz em que a água se eleva em jatos. O Jeux d’Eau de Ravel tem uma epigrama poética na partitura que captura a exuberância dos jatos de água.
A referência não é mais a tradição católica, como no original de Liszt, mas à mitologia romana: “um deus dos rios que ri da água que lhe faz cócegas”.
A harmonia de Jeux d’eau é muito avançada para a época. Sua qualidade “borbulhante” se deve muito a uma combinação especial de escalas que, mais tarde, influenciaria Stravinsky.
Vamos ouvir duas interpretações da peça, a primeira, com o próprio Ravel ao piano, em uma gravação feita em piano roll:
E, a segunda, com a pianista Martha Argerich: