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Schubert é considerado o compositor que mais explorou o tema da água em suas obras: rios e riachos, lagos, mar, cachoeiras, fontes, chuva, tempestade e neve…
Talvez uma de suas mais belas canções sobre o tema seja Auf dem Wasser zu singen (Para cantar sobre a água), composta em 1823, quando ele tinha 26 anos. Na mesma época ele escreveu seu ciclo de canções Die schöne Müllerin (A bela moleira). A canção também tem o mesmo tom (Lá bemol menor) do Impromptu D. 899 nº. 4, com o qual apresenta afinidades.
O que geralmente inspira um compositor é uma letra com uma imagem visual clara. Tal é certamente o caso do poema Auf dem Wasser zu Singen, de Stolberg-Stolberg: um barquinho em um lago, ondinhas que roçam no barco, um clima de férias. Pronto: uma obra-prima.
Esta é uma canção estrófica, uma barcarola para piano com obbligato vocal. O piano descreve o barco que desliza entre as ondas ao cair da tarde: a mão direita desliza entre as ondas, enquanto a esquerda canta a parte da voz na canção. A alternância entre tom maior e tom menor evoca os reflexos da luz do sol sobre a água.
John Reed, biógrafo de Schubert, discorre sobre a canção: “Schubert adota um ritmo dactílico forte, estrofes que se prestam a uma estrutura simétrica, clima de lazer e, finalmente, a imagem das ondas que batem suavemente contra o barco.”
O fluir do barquinho é uma metáfora para a passagem do tempo. O poeta fala do esplendor do pôr do sol que se repete a cada dia, e de quando ele, em um esplendor mais radiante ainda, se desvanecerá do fluxo do tempo. A morte é aqui figurada como uma gloriosa ascensão ao céu.
Vamos ouvir duas interpretações da canção, a primeira com os tenores Christoph e Julian Prégardien (pai e filho) e a segunda com o baixo-barítono Bryn Terfel:
Schubert – Auf dem Wasser zu singen | Cristoph e Julian Prégardien (tenores) e Michael Gees (piano)
Schubert – Auf dem Wasser zu singen | Bryn Terfel (baixo-baritono) e Llyr Williams (piano)