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A Fantasia em Dó Maior, escrita em 1822, provou-se a obra mais difícil e estruturalmente mais avançada que Schubert compôs para o piano. Tão difícil que o próprio Schubert não conseguia tocá-la. “Deixe que o diabo a toque”, disse ele, frustrado.
O subtítulo Wanderer vem de uma canção homônima composta por Schubert aos 19 anos, que se tornou uma das mais populares do século XIX. Seu tema é usado no Adagio da Fantasia.
Wanderer possui muitas traduções: peregrino, andarilho, caminhante, itinerante. Nenhuma delas, porém, capta o sentido da palavra na poesia romântica alemã. O poema usado na canção nos dá uma descrição melhor: fala de tristeza, melancolia, solidão, alienação e, claro, de perambular. Mas melhor que falar da canção é ouvi-la:
Schubert – Der Wanderer, D. 769 | Andre Schuen (barítono) e Daniel Heide (piano)
A Fantasia Wanderer começa com o motto (padrão melódico-rítmico usado em toda composição) em ritmo dactílico – longo-curto-curto –, que continua em toda a composição. O segundo tema, em tom lírico, mantém o ritmo, enquanto o terceiro reverte o padrão.
O Adagio, que usa o tema da canção Wanderer, é seguido de sete variações, algumas brilhantes.
A terceira seção é em ritmo triplo. A passagem em forma de canção do Trio é derivada do segundo tema do primeiro movimento.
O final, além de suas excepcionais exigências técnicas, é um raro exemplo de fuga na música de Schubert. O tema da fuga também é em ritmo dactílico.
Schubert – Fantasia em Dó Maior, “Fantasia Wanderer”, D. 760 | Julius Katchen (piano), em gravação histórica de 1967