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A obra de Bach tinha sido esquecida depois da morte do compositor em 1750, data que marcou o fim do período barroco. Somente em 1829, Mendelssohn reviveu, em Berlim, a Paixão Segundo S. Mateus, de 1727. Bach voltou a ser apreciado a partir de então.
Schumann era um grande admirador de Bach. “O Cravo Bem Temperado”, dizia ele, “é o pão nosso de cada dia”. Em 1845, ele fez um “curso intensivo” de contraponto com sua mulher Clara, uma grande pianista – mais que isto, uma grande musicista.
Em uma tentativa de dominar o estilo polifônico, Schumann compôs algumas peças à maneira de Bach. As primeiras destas composições são os Seis Estudos em Forma de Cânon, Op. 56, escritos para o piano com pedaleira, hoje extinto. Schumann achava que esse instrumento tornar-se-ia popular, o que nunca aconteceu.
Os Estudos, Op. 56, são muito pouco conhecidos em sua versão original, mas Debussy teve a grande ideia de transcrevê-los para dois pianos.
O primeiro, Não muito depressa, um cânon a oitava, lembra o primeiro prelúdio de O Cravo Bem Temperado, de Bach.
O segundo, Com ternura, em Lá menor, torna-se muito animado no meio da peça e termina em Lá maior.
Já o terceiro, Andantino, uma bela inspiração de Schumann, é um cânon a quinta, o que cria relações complexas e uma textura etérea.
Schumann – Estudos em Forma de Cânon, Op. 56: nºs 1 a 6 [transcrição para dois pianos de Debussy] | Martha Argerich e Lilya Zilberstein (pianos)