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No início de 1878, Nadezhda von Meck, patronesse de Tchaikovsky, deu ao compositor uma boa quantia para que ele pudesse repousar no campo. Ela achava que, depois do fracasso de seu casamento com Antonina Miliukova e de sua tentativa de suicídio no Rio Moscou, ele merecia uma viagem de férias fora da Rússia.
Acompanhado pelo violinista Joseph Kotek, os dois rumaram para Clarens, na Suíça, levando uma pilha de partituras de música para violino, incluindo a Symphonie espagnole, de Lalo. Esta teria sido uma fonte de inspiração para o Concerto para Violino e Orquestra em Ré Maior, que Tchaikovsky começou a compor em 17 de março e terminou apenas duas semanas depois.
Mal sabia Tchaikovsky que estava criando uma tempestade de críticas, começando pela própria Nadezhda von Meck, que lhe escreveu expressando sua decepção. “Tenho esperança de que, com o tempo, a peça lhe dará prazer”, respondeu-lhe o compositor.
Leopold Auer, spalla da Orquestra Imperial, a quem o concerto havia sido dedicado, recusou-se a tocá-lo, dizendo ser ele “inapropriado ao caráter do instrumento”. Já Eduard Hanslick, um dos mais importantes críticos da época, escreveu uma verdadeira torrente de impropérios sobre a obra. Tchaikovsky recortou a crítica e a carregou em seu bolso por vários meses.
O concerto parecia destinado ao fracasso, quando as coisas começaram a mudar em dezembro de1881. O violinista Adolf Brodsky, a quem a peça também havia sido dedicada, fez a sua estreia em Viena e escreveu: “O concerto pode ser executado várias vezes sem ficar monótono”. O concerto tinha revivido!
Hoje em dia, a obra faz parte de uma trilogia de concertos para violino da era romântica que inclui ainda os de Mendelssohn e Brahms, sendo o de Tchaikovsky o mais popular. Isto não quer dizer que ela seja fácil.
Apesar de seu caráter lírico, o primeiro movimento termina com uma cadenza extremamente difícil composta por uma série de fogos de artifício técnicos. O segundo movimento, uma Canzonella, tem um sabor italiano, como seu nome implica: música simples, de profundo sentimento, com uma esplêndida transição que leva ao rondó final. Sobre este, diz um crítico: “O final tem de tudo: melodias inesquecíveis, drama, ternura e brilho.”
Tchaikovsky – Concerto para Violino e Orquestra em Ré Maior, Op. 35 | Maxim Vengerov (violino) e Filarmônica de S. Petersburgo regida por Yuri Temirkanov