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Villa_lobos e Mindinha - bachianas brasileiras 2
Villa Lobos

Villa-Lobos – Bachianas Brasileiras nº. 2

Villa-Lobos compôs a Bachianas Brasileiras nº. 2 em 1930, dedicando-a à sua segunda esposa, Arminda Villa-Lobos, a Mindinha. 

A obra é dividida em quatro movimentos, cujos subtítulos evocam o folclore e o regionalismo brasileiro:

– Prelúdio (O Canto do Capadócio) — Adagio / Andantino

– Ária (O Canto da Nossa Terra) — Largo

– Dança (Lembrança do Sertão) — Andantino moderato

– Tocata (O Trenzinho do Caipira) — Un poco moderato 

“O trenzinho do caipira”, último movimento da Bachianas nº 2, tornou-se uma das peças mais conhecidas de Villa-Lobos. Sua sonoridade imita musicalmente o movimento de uma locomotiva. Posteriormente, a melodia recebeu letra do poeta Ferreira Gullar, publicada no livro Poema Sujo (1976).

Villa fez uma descrição de cada um dos movimentos para a montagem do balé Mancenilha (A Flor que Embriaga), de 1953, inspirado na obra:

“Prelúdio – Vasto sertão arenoso e tropical. Num crepúsculo velado de muitas cores, de atmosfera densa e misteriosa, a lua vem surgindo, grande e melancólica. Moças e rapazes sertanejos, lentamente caminham cambaleantes e indiferentes ao tempo e a tudo. Uma cabocla bem morena, com uma flor vermelha e branca na mão, aparece gingando, rebolando, corrupiando, envolvendo os rapazes, e desaparece…. Os sertanejos cambaleando voltam a caminhar lentamente até caírem uns após outros. 

Ária – A lua mais alta no horizonte. Um caboclo bronzeado e forte, como se fora um cangaceiro, surge, de repente, em busca de alguém. Os sertanejos, sonolentos e intoxicados, rastejando, desaparecem. O caboclo volteia em rodopios, fazendo sinais cabalísticos. A seu apelo, atende um grupo de sertanejos bronzeados, 37 mulheres e homens com aspecto de feiticeiros. Tem início a macumba. Reaparece a cabocla morena trazendo a flor vermelha e branca na mão. Dança tremulando o corpo e seduzindo o caboclo bronzeado. O perfume da flor a todos embriaga. 

Dança – A lua, no alto, no infinito. Grupos de índios guerreiros invadem sorrateiramente o sertão. A cabocla morena esconde-se entre os feiticeiros que se arrastam e fogem. Os índios guerreiros, porém, retêm a cabocla e o caboclo, envolvendo-os numa dança selvagem. Longe, distante do sertão, atravessando a planície, um pitoresco trenzinho… 

Tocata – A lua, no alto, esconde-se. Penumbra. Viajantes humildes e caipiras aparecem, pelo sertão, buscando o trenzinho. Trava-se uma luta entre os índios e os personagens que vão viajar. A cabocla, com sua flor milagrosa, agora iluminada, rodopia com os lutadores, embriaga-se com o seu perfume e tomba vítima de sua própria sedução.”

 (trecho do livro As Bachianas Brasileiras de Villa-Lobos, de Palma e Chaves Jr., Companhia Editora Americana, 1971)

Villa-Lobos – Bachianas Brasileiras nº. 2 | Filarmônica de Minas Gerais regida por Fábio Mechetti

 

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