CONTATO
Entre em contato conosco.
O Trio para Piano e Cordas, Opus 1 é um marco importante na vida de Beethoven. O compositor tinha se mudado de Bonn para Viena em 1792. Em pouco tempo criou uma reputação como pianista e improvisador. Agora queria mostrar-se como compositor.
Para tanto, compôs os três trios que integram o Op.1. Vale lembrar que esses trios não eram suas primeiras composições. Ele já havia escrito muitas peças anteriormente. É possível até que um ou dois dos trios tenham sido escritos antes de sua chegada a Viena. Mas não o nº 3, que vamos ouvir hoje.
Ferdinand Ries, aluno de Beethoven, relembra a estreia dos trios:
“Tinha sido planejado apresentar os três primeiros trios numa soirée na mansão do Príncipe Lichnowski (grande patrono de Beethoven). Quase todos os artistas e amantes da música foram convidados, em particular Haydn, cuja opinião todos estavam ansiosos de conhecer.
Os trios foram tocados imediatamente e acompanhados pelo público com extraordinária atenção. Haydn fez muitos elogios às obras, mas aconselhou Beethoven a não publicar imediatamente o nº 3. Beethoven ficou muito surpreso, porque considerava o terceiro o melhor dos três.
A observação de Haydn causou má impressão a Beethoven e o levou a pensar que Haydn estava com inveja e má vontade em relação a ele. Resolvi falar com Haydn e ele me disse que não acreditava que o Trio nº 3 fosse entendido pelo público e, portanto, pudesse ser recebido favoravelmente.”
É interessante notar que essa apresentação ocorreu em fins de 1793 ou início de 1794. A despeito de sua irritação com as observações de Haydn, Beethoven fez uma extensa revisão nas obras e só as publicou em 1795.
Enquanto os trios de Haydn são obras suaves e gentis, o Op.1 nº 3 é grande, audacioso, enérgico e assertivo.
O primeiro movimento, Allegro con brio, é cheio de propulsão rítmica e de fogo. Já se reconhece Beethoven.
O segundo movimento é um belo conjunto de variações sobre um tema simples, mas gracioso, que mostra toda a habilidade de Beethoven em variações, muito relacionada, aliás, a seu talento de improvisador.
Segue-se um Minueto cheio de vivacidade, elegância e espírito.
O Finale, furioso e avassalador, marcado como prestíssimo, retoma o clima intenso do primeiro movimento. Permite também a Beethoven exibir seu virtuosismo.
Beethoven – Trio para Piano e Cordas em Dó Menor, Op. 1 nº 3 | Wilhelm Kempff (piano), Henryk Szeryng (violino) e Ludwig Hoelscher (violoncelo).