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O conjunto de quintetos de cordas com duas violas é considerado a maior realização de Mozart em música de câmara. O Quinteto em Dó Maior, K515, é uma obra de sua fase madura.
A adição de uma viola era natural para Mozart: era seu instrumento de cordas predileto – ele geralmente tocava a parte da viola em quartetos. Charles Rosen escreve em seu livro O Estilo Clássico:
“Sua parcialidade pela viola pode ter vindo não da sonoridade do instrumento, mas sim de seu gosto de escrever partes internas trabalhadas. Em sua música havia uma plenitude de som e uma complexidade nas partes internas que tinham desaparecido da música desde Bach. Esta sonoridade já estava fora de moda desde 1730, mais ou menos. ‘Sua música tem notas demais’, foi uma crítica feita a Mozart, assim como tinha sido feita a Bach.”
Uma observação: a expressão “partes internas” usada por Rosen se refere às violas e ao segundo violino; o primeiro violino e o violoncelo (mais agudo e mais grave) são as “partes externas”.
Charles Rosen prossegue em sua análise:
“Com o Quinteto em Dó Maior e seu companheiro, o Quinteto em Sol Menor, Mozart escreveu dois trabalhos de escopo maior do que Haydn jamais concebeu, nem mesmo para orquestra. O Allegro inicial do K. 515 é de grandes proporções. A ampliação das proporções se dá principalmente na exposição. O que é espantoso é que ela é mais longa do que qualquer exposição de Beethoven, com exceção à da Nona Sinfonia que a iguala.”
A maestria de Mozart na dosagem, no ritmo e na proporção triunfam neste primeiro movimento.
O Andante é um dueto elaborado, quase operístico, do primeiro violino e da primeira viola (soprano e tenor).
Segue-se o Minueto com Trio. O trio funciona como um episódio dramático, com seu rico cromatismo.
O final, uma hábil combinação das formas sonata e rondó, retoma a animação e o alto astral do primeiro movimento.
Mozart – Quinteto de Cordas em Dó Maior, K. 515 | Quarteto Emerson, com Kim Kashkashian (viola)