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Beethoven - Concerto para Piano e Orquestra nº 4 em Sol Maior, Opus 58 auguste-rodin-eurydice
BeethovenMÚSICA ORQUESTRAL

Beethoven – Concerto para Piano e Orquestra nº 4 em Sol Maior, Op. 58

O Concerto para Piano e Orquestra nº 4, foi terminado em 1806 e estreou em 1807, no palácio do príncipe Lobkowitz, patrono de Beethoven. Foi revivido em 1836 por Mendelssohn, em Leipzig. Schumann, então com 26 anos, estava presente e ficou tão siderado pela obra que afirmou depois:

“Fiquei sentado em meu lugar, sem mover um músculo, nem mesmo respirar.”

O musicólogo Martin Cross faz esta apreciação do Concerto nº 4:

“Aqui o concerto para piano se liberta de uma vez por todas do século XVIII. Beethoven não está mais preocupado com o virtuosismo; seu propósito é expressar seus pensamentos profundamente poéticos e introspectivos.”

O caráter íntimo que vai prevalecer em toda a obra se faz sentir desde a abertura. É o piano que começa. Isso estava fora da convenção da época (pois a introdução era, até aquele momento, feita pela orquestra). Além disso, as primeiras notas são piano e dolce, e o tema é suave e murmurante, baseado em notas repetidas e harmonias simples. Esse clima de serenidade continua. Não há aqui nada da veemência característica de Beethoven (embora ele estivesse compondo, ao mesmo tempo, a Sonata “Appassionata”!).

O segundo movimento, Andante, é uma das coisas mais originais e imaginosas que já saíram da pena de Beethoven, ou de qualquer outro compositor, segundo o musicólogo inglês George Grove. Ele é orquestrado para piano e cordas. Estas entram ameaçadoras, implacáveis. A resposta do piano é um legato suave, suplicante. Um confronto assim, tão explícito, foi chocante na época. Vamos ouvi-lo na interpretação de Paul Lewis:

Beethoven – Andante do Concerto para Piano e Orquestra nº 4, Op. 58 | Paul Lewis (piano) | BBC Symphony Orchestra sob a regência de Jiri Belohlavek

Há diversas interpretações para essa escolha de Beethoven. O grande maestro Hans Richter fez um comentário interessante:

“Orfeu quer trazer sua querida Eurídice, morta prematuramente, de volta do reino das sombras. Tenta com sua lira convencer Hades e Perséfone, os deuses dos infernos, a deixá-la voltar com ele ao reino dos vivos. A princípio irredutíveis, os deuses, comovidos pela música de Orfeu, acabam cedendo. Orfeu e Eurídice voltam à Terra e, exultantes, saem dançando pelos campos da Grécia – no Rondó final do Concerto.”

(Bem, o final da história não é exatamente assim, mas esse combina melhor com a música.)

O Rondó final, marcado Vivace, se segue ao Andante sem interrupção. Cheio de vida e de humor, é o mais elegante entre os finais de concerto de Beethoven.

Vamos ouvir a versão integral do Concerto nº 4:

Beethoven – Concerto para Piano e Orquestra nº 4 em Sol Maior, Op. 58 | Krystian Zimerman (piano) com a Filarmônica de Viena regida por Leonard Bernstein

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