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As Sonatas Op. 53 (Waldstein) e Op. 57 (Appassionata) são consideradas as melhores da segunda fase de Beethoven. O compositor começou a escrevê-las logo após a Sinfonia Eroica e, como ela, marcam pontos de mutação em sua obra. O musicólogo Maynard Solomon as apresenta:
“Com as Sonatas Op. 53 e 57, Beethoven ultrapassou definitivamente as fronteiras do estilo clássico, criando sonoridades e tessituras completamente novas. Não limitou mais as dificuldades técnicas ao nível de amadores competentes, mas levou as possibilidades do instrumento e da técnica a seus limites. A dinâmica foi grandemente ampliada. As cores são fantásticas e luxuriantes, aproximando-se de sonoridades orquestrais.”
A Sonata em Fá Menor, Op. 57, “Appassionata”, começou a ser escrita por Beethoven em 1803, mas só foi terminada em 1806. O trabalho foi interrompido pela ópera Fidelio.
Até escrever a Sonata Op. 106, a Hammerklavier, Beethoven considerava a Appassionata sua melhor Sonata. Seu apelido lhe foi dado por um editor em 1838, anos depois da morte de Beethoven, portanto. Sobre a abertura, diz o autor de notas de programa Eric Bromberger:
“O Allegro assai abre em pianíssimo, com um sinistro primeiro tema, em um compasso 12/8. À medida que este tema se desenvolve, ouve-se, em um registro bem grave, o motivo de quatro notas que, mais tarde, vai abrir a Quinta Sinfonia. Deste motivo, subitamente irrompe uma grande erupção de som. A extraordinária unidade do movimento se torna clara com a chegada do segundo tema, que é uma variação do tema de abertura. O movimento se desenvolve em forma sonata, seu ritmo inicial está estampado na coda, que termina com a repetição quase inaudível do primeiro tema.”
O segundo e o terceiro movimentos estão interligados. O segundo, Andante con moto, é um tema com variações sobre uma melodia lenta, tranquila, em forma de hino. Beethoven lembra o intérprete várias vezes com a indicação dolce e mesmo os volteios rápidos no fim do movimento continuam serenos.
O terceiro movimento, Allegro ma non troppo – Presto, se segue sem interrupção e seu tema principal é quase um perpetuum móbile. A energia incandescente do primeiro movimento ressurge aqui.
O musicólogo inglês Donald Tovey faz a seguinte apreciação do extraordinário poder da Sonata e de seu inexorável final: “Todos os seus outros Finales patéticos mostram um epílogo num mundo lendário ou futuro, longe da cena trágica. Mas, na Appassionata, não há um momento de dúvida de que a trágica paixão se precipita em direção à morte.”
Beethoven – Sonata nº 23 em Fá menor, Op. 57, “Appassionata” | Igor Levit (piano)