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A intenção de Beethoven aqui é ir construindo uma escalada de tensão até o final, onde está o maior peso da Sonata quasi una fantasia, Opus 27, nº1;
A Sonata abre com um episódio de simplicidade quase infantil, em tempo moderado. Pessoalmente, eu o acho mágico, mas alguns músicos da época de Beethoven, especialmente o grande maestro Hans von Bülow, o consideravam indigno de Beethoven.
Edwin Fischer, grande pianista, também tinha problemas com este movimento. A esse propósito, Kaiser relata:
“Fischer estava em uma turnê pela Itália e queria ensaiar seu concerto. Uma menina de uns 14 anos o levou ao piano e abriu a tampa. Ela ficou encostada ao piano ouvindo Fischer tocar. Curioso, ele lhe perguntou se ela também tocava. Ela disse, ‘sim’. Fischer lhe pediu que tocasse alguma coisa. Sem nada dizer, ela simplesmente se sentou ao piano e começou a tocar a Sonata Op. 27 nº 1, de maneira natural, doce e equilibrada, com uma terna melancolia, como se Deus a tivesse inspirado a falar de seu sofrimento. Ela nada sabia de temas ascendentes, de diferentes indicações do metrônomo em diferentes edições, mas nela batia ao coração o Beethoven que tinha composto a obra. Profundamente emocionado, Fischer relata que tinha, neste momento, encontrado a solução.”
Segue-se um Scherzo de força contida, em Dó menor, cujo clima fantasmagórico prenuncia o Scherzo da Quinta Sinfonia.
Em seguida, vem um breve Andante con espressione, lírico e introspectivo, que faz uma transição com passagens tipo cadenza ao brilhante final.
A vibrante impetuosidade do último movimento, Allegro vivace, é interrompida por uma lembrança do Adagio, antes da “atropelada” final.
Os movimentos são tocados sem interrupção – um conduz ao outro; daí a expressão “attacca”, usada a seguir.
Beethoven – Sonata Quasi una Fantasia em Mi Bemol Maior, nº 13, Op. 27 nº 1:
1. Andante – Allegro – Tempo primo – attacca:;
2. Allegro molto e vivace – attacca:;
3. Adagio con espressione – attacca:;
4. Allegro vivace
Igor Levit (piano)