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Beethoven escreveu a Sonata nº 27 em Mi Menor, Op 90, no verão de 1814. Foi a primeira em cinco anos. Seu estilo está próximo do último grupo de obras-primas que ele iria compor nos anos seguintes (as Opp. 101, 106, 109, 110 e 111). A obra foi dedicada ao Conde Moritz Lichnowsky, irmão do príncipe Karl, patrono de Beethoven.
Uma anedota da época nos dá uma interpretação da Sonata, Op. 90: o Conde Moritz, que tinha se casado recentemente com uma jovem dançarina vienense, perguntou a Beethoven qual era o significado da obra. Beethoven deu uma gargalhada e respondeu que o primeiro movimento representava a luta entre o coração e a razão (ou seja, o debate interior do Conde sobre se deveria ou não se casar com alguém abaixo de sua posição social), e, o segundo, uma conversa com a amada, celebrando a feliz união dos dois.
A obra só tem dois movimentos: um primeiro enérgico, em Mi menor, e um final lírico, em Mi maior. Beethoven passou a usar, durante algum tempo, nomes em alemão para os movimentos de suas obras. Eram instruções longas que falavam mais de sentimentos do que andamentos.
O primeiro é descrito assim: “Com vivacidade e sempre com sentimento e expressão”. Como sugere a descrição de Beethoven ao Conde Moritz, ele é cheio de contrastes, um extraordinário diálogo entre a ira e a ternura, entre o masculino e o feminino.
Já o Rondó Final, marcado como “não muito depressa e muito cantábile”, é o mais schubertiano de todos os movimentos de Beethoven: lírico, sem pressa, espaçoso. Neste Rondó, diz o musicólogo William Kinderman: “Beethoven se aproxima muito do estilo romântico que está emergindo”.
“Uma característica que coloca a sonata mais perto de Schubert e dos primeiros Românticos do que do próprio Beethoven da última fase”, segundo o musicólogo Barry Cooper, “é a ausência quase completa de contraponto. Quase todo o material temático está na mão direita; mesmo quando a esquerda assume a exposição temporariamente, no primeiro movimento, a textura é uma melodia no registro tenor com figurações na mão direita”.
Beethoven – Sonata nº 27 em Mi Menor, Op. 90 | Wilhelm Kempff