César Franck – Quinteto para Piano e Cordas em Fá menor

A estreia do Quinteto para Piano e Cordas em Fá Menor, de César Franck (1822-1890), em janeiro de 1880, pode ser considerada como uma das mais estranhas do século XIX. O compositor Camille Saint-Saëns, a quem a peça foi dedicada, tocou o piano à primeira vista e demonstrou, ao longo da apresentação, seu desapreço pela obra. Quando Franck veio ao palco para cumprimentar os intérpretes e agradecer os aplausos, Saint-Saëns se retirou, furioso por estar envolvido com a peça.

O Quinteto de Franck é uma obra de grandes proporções, como fica evidente desde os primeiros compassos da apaixonada introdução, no primeiro tema do primeiro movimento, Molto moderato quasi lento – Allegro. O segundo tema é mais relaxado em termos de ritmo. O desenvolvimento e a recapitulação são ambos repletos de cromatismos, bem como de enormes contrastes dinâmicos e expressivos. O movimento termina em um estado de exaustão emotiva sobre um padrão constante de oitavas no piano.

O segundo movimento – Lento, con molto sentimento –, é muito menos intenso que o primeiro. Mesmo assim, a linguagem harmônica instável enfatiza o clima persistente de desejo insatisfeito da música.

Para o terceiro e último movimento – Allegro non troppo, ma con fuoco –, Franck volta ao temperamento instável e espástico do início da obra, começando com um tremolo que passa entre os violinos enquanto o piano responde com uma linha descendente no baixo. A outra melodia principal é dada apenas ao piano; as cordas aqui são relegadas a uma figura de acompanhamento. Esta segunda melodia apresenta uma progressão harmônica peculiar, apresentando tríades aumentadas. Extensas seções de desenvolvimento – sinfônicas, na verdade – acontecem antes que todo o material seja reapresentado e o quinteto termine com uma coda surpreendentemente abrupta. Ainda que a música termine em fá maior, a cadência final dificilmente poderia ser considerada um final triunfante.

César Franck – Quinteto para Piano e Cordas em Fá Menor | Janine Jansen e Clara-Jumi Kang (violinos), Amihai Grosz (viola), Torleif Thedéen (violoncelo) e Sunwook Kim (piano)