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Schubert – Quinteto de Cordas em Dó Maior, Op. 163, D. 956
MÚSICA DE CÂMARASchubert

Schubert – Quinteto de Cordas em Dó Maior, Op. 163, D. 956

O produto do meu gênio e do meu sofrimento, o que escrevi nas horas de maior tribulação – é disto que o público parece gostar mais.” (Franz Schubert)

Em março de 1827, Schubert acompanhou a procissão do enterro de Beethoven levando uma tocha. “Os 18 meses de vida que lhe restavam foram”, nas palavras do compositor Benjamin Britten, “os mais ricos e produtivos na história de nossa música. Datam desta época seu ciclo de canções Winterreise (Viagem de Inverno), suas três últimas sonatas para piano, o Quinteto de Cordas em Dó Maior e mais uma dúzia de outras obras gloriosas”.

Mozart e Beethoven também já tinham escrito quintetos de cordas em Dó maior, mas a instrumentação era diferente: dois violinos, duas violas e violoncelo. Schubert usa dois violinos, viola e dois violoncelos. Assim, ele consegue usar o primeiro violoncelo como solista, enquanto o outro funciona como baixo.

O Quinteto em Dó Maior de Schubert é uma de suas maiores obras, e é também considerada, por consenso, uma das maiores para o repertório de câmara. É emocionalmente ambígua – luz e sombra, serenidade e drama se alternam continuamente. A música oscila entre o tom maior e o tom menor e parece mudar de tonalidade a cada dois compassos.

Começa de forma simples, com um acorde sustentado que se abre em fragmentos rítmicos e melódicos. Schubert transforma estes elementos em um movimento de grande envergadura. O segundo tema é de uma beleza “que se derrete”, diz um comentarista. A sonoridade dos dois violoncelos cantando acima do baixo da viola justifica a configuração dada ao Quinteto.

O centro de gravidade emocional é claramente o segundo movimento, Adagio. Schubert poucas vezes compôs um movimento lento de tão pungente beleza. Tem-se a impressão de que o tempo parou. Seu início é notável: as três vozes internas – segundo violino, viola e primeiro violoncelo – cantam uma doce melodia que se estende por 28 compassos; o segundo violoncelo as acompanha em pizzicato, enquanto o primeiro violino decora a melodia com breves interjeições.

“O episódio central, em Fá menor, é agitado e sombrio; um trinado nos leva de volta ao tema de abertura, mas agora o acompanhamento da melodia é cheio de volteios e turbilhões que a tornam subitamente complexa.” (Eric Bromberger)

 A transcendental beleza e emoção deste movimento levaram pessoas tão diferentes, como o pianista Arthur Rubinstein e o escritor Thomas Mann, a pedirem que ele fosse tocado quando estivessem em seus leitos de morte.

O Scherzo é uma dança camponesa, com ritmo marcado e chamadas imitando uma trompa de caça. Apresenta muitos deslocamentos harmônicos e dissonâncias. Novamente, não se poderia esperar contraste maior do que o do Trio, sombrio e introspectivo.

O Final tem o sabor rústico de uma dança húngara, com seus vigorosos ritmos curto–longo e alternâncias entre tom maior e tom menor.

Schubert – Quinteto de Cordas em Dó Maior, Op. 163, D. 956 | Quarteto Emerson, com David Finckel ao violoncelo.

 

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