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A Sinfonia nº 7 é muito especial na obra de Beethoven por seu lugar na história da Áustria e pela natureza de sua música. Os dois fatores, aliás, se entrelaçam: são, talvez, parte de uma mesma realidade.
A composição foi estreada em 1813, juntamente com uma outra peça, a chamada Sinfonia de Batalha, ou a “Vitória de Wellington”. A Sétima foi muito bem recebida: seu segundo movimento, Allegretto, foi bisado.
A apresentação foi um enorme sucesso – o que não surpreende, se levarmos em conta o que o povo vienense tinha passado nos últimos anos. Napoleão tinha ocupado Viena duas vezes, em 1805 e em 1809. Agora, sua sorte tinha mudado, com sua recente derrota em duas batalhas importantes.
O compositor Louis Spohr, presente no concerto, deixou uma descrição vívida do evento, especialmente do estilo de regência de Beethoven:
“Beethoven tinha se acostumado a indicar a expressão à orquestra usando toda sorte de gestos. Sempre que um sforzando (aumento súbito da intensidade) ocorria, ele abria os braços, antes cruzados ao peito, com grande veemência. Nos trechos piano, ele ia se agachando cada vez mais, para indicar mais baixo, mais baixo… Num crescendo, ele se erguia de novo e quando vinha um forte, ele pulava no ar. Às vezes também, ele gritava inconscientemente para acentuar o forte. Era óbvio que o pobre homem não conseguia mais ouvir as passagens piano de sua música. Mas a despeito da regência incerta, e por vezes cômica, de Beethoven, a execução da Sinfonia foi magistral.”
Os elementos de dança, a vitalidade e o sentido de celebração da Sétima são transmitidos principalmente através do ritmo.
O primeiro movimento começa com uma introdução lenta e cheia de suspense, da qual irrompe um Vivace inebriante. Segundo o estudioso George Grove, “Ele é cheio de mudanças e contrastes rápidos e inesperados, que excitam a imaginação no mais alto grau, lançando-a subitamente a regiões novas e estranhas”.
O segundo movimento, Allegretto, é mais lento do que os demais, mas não é um movimento lento. Tem um ritmo dactílico constante (um longo, dois curtos).
O terceiro movimento é um Scherzo com Trio. O Scherzo é um Presto que realça ainda mais o elemento dança. O Trio, tocado duas vezes, é baseado em um antigo hino austríaco de peregrinos.
O Allegro con brio final é um moto perpétuo, um tour de force de energia e de excitação. O musicólogo Donald Tovey o chamou de “um triunfo de energia dionisíaca”. O som característico deste movimento, como, aliás, da Sétima toda, vem do uso das trompas. O Lá maior também dá um brilho à obra que não se encontra nas sinfonias anteriores de Beethoven.
Beethoven – Sinfonia nº 7 em lá maior, op. 92 | Orquestra do Estado da Bavária, Carlos Kleiber (regente)