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Na produção de Beethoven para o ano de 1815, Alexander Thayer, biógrafo do compositor, relaciona apenas algumas canções, alguns cânones, uma abertura pouco conhecida, a Namensfeier, e as duas Sonatas para Violoncelo Op.102. Beethoven estava em silêncio criativo havia alguns anos.
O surgimento do terceiro estilo foi um ponto de mutação na carreira de Beethoven, do qual resultaram as incomparáveis obras-primas escritas na última década de sua vida. E coube às Sonatas Op. 102 serem a porta de entrada para esse notável período de renovação e de descoberta.
No início, elas não foram compreendidas. “Excêntricas, esquisitas, estranhas”, foram as palavras com que a crítica as recebeu. Para o ouvinte de hoje, especialmente aquele que as ouve pela primeira vez, ainda é possível sentir esta excentricidade, esta estranheza, mas agora essas qualidades são percebidas como algo novo e original.
O enorme interesse de Beethoven, em seus últimos anos, pelas antigas técnicas da fuga e do contraponto encontra uma de suas primeiras realizações na Sonata Op.102 nº 2, cujo final é uma fuga cuidadosamente trabalhada.
O movimento de abertura, Allegro con brio, é notável por seu controle e introspecção e pela magistral integração de violoncelo e piano na estrutura da sonata.
É realmente incrível: um compositor surdo consegue aqui uma integração maior dos instrumentos do que nas sonatas que escreveu quando ainda conseguia ouvir o que compunha.
O Adagio central é de uma paz transcendental. O escritor John N. Burk acredita que Beethoven o tenha escrito em uma espécie de transe, como se estivesse respondendo a um chamado interior.
Beethoven – Sonata para Violoncelo e Piano nº 5 em Ré Maior, Op.102 nº 2 | Sol Gabetta (violoncelo) e Nelson Goerner (piano)