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Bach – O Cravo Bem Temperado

Bach – O Cravo Bem Temperado

O Cravo Bem Temperado, uma coleção de prelúdios e fugas para teclado, é, dentre as obras de Bach, uma das que tiveram maior influência na história da música. É conhecido como o “Antigo Testamento do Piano” (As sonatas de Beethoven seriam o “Novo Testamento”). Schumann o chamou de “o pão nosso de cada dia”.

A obra tem este estranho nome – bem temperado –, mas temperamento quer dizer apenas um sistema de afinação. Um cravo bem temperado é o instrumento que foi afinado de maneira que possa ser tocado em qualquer tonalidade. Como fazer isto e os sistemas de afinação utilizados no passado são questões complicadas, de interesse somente de especialistas. 

É suficiente citar as palavras do próprio Bach: “são prelúdios e fugas compostos para todos os tons e semitons da escala, para instrução dos jovens e também para aqueles já versados nesta matéria”.

A coleção é formada por dois volumes, cada um com 24 pares de prelúdios e fugas. O Livro I data de 1722 e o Livro II surgiu bem mais tarde, em 1744.

As primeiras peças da obra foram aproveitadas do Livrinho do Teclado, que Bach compôs para seu filho Wilhelm Friedemann em 1720. O livrinho contém onze prelúdios que o compositor posteriormente ampliou e revisou para incluir n’O Cravo Bem Temperado. Porém há evidências de que mesmo essas peças teriam sido compostas ainda antes, originalmente para o órgão.

Dois ensinamentos podem ser aprendidos a partir dessas origens:

– o primeiro é que não é obrigatório tocar sempre um prelúdio junto com sua fuga, nem vice-versa. O Cravo Bem Temperado não foi pensado para ser executado em sequência, nem como uma peça só. 

– o segundo é que a origem dos primeiros onze prelúdios – o órgão –, demonstra bem a superficialidade da intenção em confinar ao cravo a execução destas peças.

Aliás, a palavra clavier, no tempo de Bach, designava qualquer instrumento de teclas: clavicórdio, espineta, virginal, cravo ou órgão. Hoje em dia, o uso do piano se generalizou e é bem aceito.

Legado

Schumann era um grande admirador de Bach. Em uma tentativa de dominar o estilo polifônico, ele compôs algumas peças à maneira de Bach, entre elas os Seis Estudos em Forma de Cânon, Op. 56.

Chopin conhecia de cor O Cravo Bem Temperado, escrevendo seus 24 Prelúdios em todas as tonalidades, porém com uma abordagem mais compacta, sem incluir as fugas. Já Shostakovich compôs um conjunto de 24 prelúdios e fugas inspirado pela obra.

Os instrumentistas de jazz também descobriram muitas afinidades com a música de Bach. Keith Jarrett gravou a integral d’O Cravo Bem Temperado. Friedrich Gulda, pianista clássico que tocava e compunha jazz, também gravou peças da obra. 

Aliás, a relação com o jazz vem de muitos anos, desde a década de 1950 com o Modern Jazz Quartet e, posteriormente, na década de 1960, com o pianista Jacques Loussier, que fez arranjos para o seu Play Bach Trio (piano, baixo e percussão).

A primeira gravação para o piano d’O Cravo Bem Temperado, que é, para muitos, inigualada até hoje, foi a do grande pianista suíço Edwin Fischer, feita na década de 1930. Outros pianistas gravaram a integral da obra, entre eles, Rosalyn Tureck, Glenn Gould, Sviatoslav Richter, András Schiff, Angela Hewitt e Thomas Schwan, só para citar alguns.

Ouça os ciclos completos dos Livros I e II na interpretação de András Schiff:

 

Ouça também os podcasts sobre o Livro I d’O Cravo bem Temperado:

PODCAST | Bach – O Cravo Bem Temperado, Livro 1 – Parte 1

PODCAST | Bach – O Cravo Bem Temperado, Livro 1 – Parte 2

 

DESTAQUES

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