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Canções, genética e cultura

Clássicos dos Clássicos apresenta aqui um resumo do artigo publicado pelo biólogo Fernando Reinach no jornal O Estado de São Paulo (30/11/2019), que aborda um estudo muito interessante sobre os padrões da música cantada.

 

Canções, genética e cultura

Toda música cantada segue alguns poucos padrões, que podem ser reconhecidos

Nos últimos cem anos, os biólogos têm demonstrado que há um componente genético mesmo em características aparentemente determinadas primordialmente pelo ambiente. O caso mais conhecido é o trabalho do linguista Noam Chomsky e de seus colaboradores. Eles demonstraram que as línguas faladas, nas mais diversas culturas, possuem estruturas comuns compartilhadas por toda a população.

Agora, cientistas usaram esse mesmo tipo de análise para estudar a música produzida por centenas de culturas. Essa análise foi restrita à música cantada e a conclusão é similar: apesar da enorme diversidade de canções produzidas em culturas como a europeia, dos índios brasileiros, das tribos africanas e de populações da Ásia, toda a música cantada segue alguns poucos padrões, que podem ser facilmente reconhecidos.

O estudo demonstrou que há quatro tipos de música em todas as sociedades (e, aqui, exemplificamos com algumas obras do repertório clássico):

as que se referem ao amor:

Robert Schumann, Widmung | Hemann Prey (barítono):

as de ninar:

Richard Strauss, Wiegenlied | Joyce DiDonato (mezzo soprano):

as executadas em danças:

Franz Schubert, Staänchen Horch horch die Lerch, D. 889 | Hermann Prey (barítono):

e as de cura (usadas em rituais médicos/religiosos):

Beethoven, Quarteto de Cordas nº 15, Op. 132 – Terceiro movimento, Molto Adagio | Escher String Quartet

(Um dos mais belos, profundos e comoventes trechos da obra de Beethoven, o terceiro movimento desse quarteto tem o nome de “Canção de agradecimento a Deus pela recuperação de uma doença, em modo Lídio”)

Esse resultado confirma a intuição expressa em 1935 pelo primeiro cientista a estudar as músicas de diferentes culturas, Henry Wadsworth Longfellow: a música é a linguagem universal.

Também sugere que, em algum nível, as canções são determinadas não somente pelo meio ambiente, mas, provavelmente, são em parte determinadas por características hereditárias. Se não fosse assim, como explicar que entendemos parcialmente a música produzida por qualquer ser humano?

Esse estudo leva a um novo nível o estudo comparativo da música cantada.

Leia o artigo completo:

https://ciencia.estadao.com.br/noticias/geral,cancoes-genetica-e-cultura,70003108281

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