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Cristian Budu
O pianista Cristian Budu é considerado um dos grandes nomes da nova geração da música clássica. Foi vencedor do renomado Concurso Internacional Clara Haskil 2013, na Suíça, uma conquista considerada pela crítica especializada como a mais importante por parte de um pianista brasileiro nos últimos 30 anos.
Formado em música pela Universidade de São Paulo, fez mestrado em performance pianística pelo New England Conservatory de Boston, nos EUA, além de realizar diversos concertos solo, de câmara e sinfônicos pelo país.
Juntamente com Nelson Freire, Cristian representou o Brasil nos “Top 50 Greatest Chopin Recordings”, da revista inglesa Gramophone, que reúne as 50 mais antológicas interpretações de Chopin de toda a história. Seu primeiro álbum solo ganhou o “Editor’s Choice” (escolha do editor) da Gramophone e “5-Diapasons” da revista francesa Diapason.
Seu mais recente álbum, Pianolatria (2024), traz leituras pessoais de obras de compositores brasileiros, incluindo Camargo Guarnieri, Villa-Lobos, Carlos Gomes, Francisco Mignone, Tia Amélia, Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth.
Para o aniversário de 5 anos de Clássicos dos Clássicos, o pianista nos enviou uma mensagem muito especial. Confira abaixo:
Vamos ouvir a seguir uma seleção de obras de diversos períodos da música interpretadas pelo pianista, incluindo seus comentários a respeito das peças:
Bach – Ária da Cantata BWV 208
“É sempre muito pessoal o que ouvimos em Bach. Ele é um compositor universal e deixou tantas inspirações para a posteridade. Bach consegue, com sua música, transcender a visão religiosa.”
Beethoven – 7 Bagatelas, Op.33
“Beethoven é talvez um dos símbolos maiores da música revolucionária. Ele fez a transição do século 18 para o 19 em sua própria música. As Bagatelas não deixam de caracterizar sua personalidade: muito temperamental e também cheio de humor.”
Schumann – Kreisleriana Op. 16
“Já venho visitando a Kreisleriana há algum tempo e, para mim, ela é uma das peças mais enigmáticas. Todas as vezes que eu me debruço sobre a obra, novas questões surgem. Aqui, os heterônimos de Schumann, Eusebius e Florestan, tomam proporções grandiosas, por vezes muito antagônicas e soturnas. Schumann busca essa bipolaridade, psicológica e musicalmente. Aqui, ele testa os limites disso. O final da peça é muito perturbador e nada óbvio.”
Chopin – Prelúdio nº. 8\
“Os 24 Prelúdios de Chopin são uma obra extremamente emblemática pela fase em que o compositor a escreveu: um período muito difícil, em que estava entre a vida e a morte. Não por acaso ele compõe as peças em homenagem a Bach, um compositor que ele estudava muito e que tem relação com uma questão atemporal.”
Debussy – Estampes
“Debussy viveu na virada do século 19 para o 20, período em que a Europa começa a olhar para outras culturas – o Velho Mundo olhando para o Novo Mundo. Estampes é uma suíte em três movimentos que mostra três cenas. ‘Pagode’ evoca uma cena oriental, um templo budista, e é escrita em escalas pentatônicas. Já ‘La soirée dans Grenade’ remete a um entardecer na cidade espanhola de Granada. E, em ‘Jardins sous la pluie’, Debussy usa um tema popular francês, com uma escrita pontilhista, tipicamente impressionista (embora ele não gostasse desse termo), para pintar um quadro da chuva caindo em suas várias nuances, das ventanias aos aguaceiros.”
Villa Lobos – Festa no sertão
“’Festa no sertão’ integra o Ciclo Brasileiro, obra que Villa-Lobos escreveu depois que voltou da Europa. Villa-Lobos costumava escrever tentando imitar compositores europeus em voga, como Debussy e Stravinsky. Porém, quando ele chega na Europa, recebe comentários de que aquele tipo de música eles já conheciam. A partir daí, ele começa a incorporar toda a bagagem que absorveu intuitivamente dos músicos populares brasileiros. Aqui, já ouvimos uma linguagem brasileira de Villa-Lobos.”
Camargo Guarnieri – Ponteio 45
“Guarnieri é um compositor incrível que muitas vezes não tem a fama que merece pela música que escreveu. O Ponteio 45 evoca a bipolaridade de Schumann, que alterna uma personagem bastante luminosa, de gesto muito vivo, a outra muito sábia, profunda e terrena, com o aspecto de um cantochão da música nordestina.”