
Após a segunda fase, seguiu-se um período de aridez para Beethoven. Sua produção caiu a quase zero. O compositor estava em silêncio criativo havia alguns anos, atormentado por uma série de calamidades pessoais – entre elas a surdez, agora praticamente total.
Beethoven só voltaria a produzir plenamente em 1820 após a solução da disputa sobre a guarda de seu sobrinho Karl, em um processo que tinha se arrastado por cinco anos e havia consumido muito a energia do compositor, abalando seu equilíbrio.
Sua terceira fase artística começa em 1815 e segue até ele parar de compor em 1826. Beethoven produz obras revolucionárias nesse período, admiradas por sua complexidade, transcendência e profunda expressão pessoal.
As duas sonatas para piano e violoncelo, Op. 102, foram a porta de entrada para esse notável período de renovação e descoberta. Inicialmente não compreendidas e chamadas de “excêntricas, esquisitas, estranhas” pela crítica, elas marcam um ponto de mutação na carreira de Beethoven, do qual resultariam as incomparáveis obras-primas escritas na última década de sua vida.
Beethoven – Sonata para Violoncelo e Piano nº 5, Op.102 nº 2
Suas últimas sonatas para piano, Op. 109, 110 e 111, também são obras importantes da terceira fase. A Sonata nº. 32 Op. 111 está entre as principias obras da literatura pianística da história da música. Ela representa uma jornada das trevas para a luz, do conflito para a transcendência, tema que faz a obra de Beethoven tão relevante.
Em junho de 1822, Beethoven voltou a se interessar por quartetos de cordas. Ele nada havia feito neste formato nos últimos doze anos. Destacam-se nesse período os quartetos tardios, Op. 127, 130, 131, 132, 133 e 135. Seu Quarteto em Dó Sustenido Menor, Op. 131, de profunda sutileza e beleza, pode ser considerado como o ponto culminante de seu esforço como compositor.
Na terceira fase, destacam-se também as magníficas Variações Diabelli, que estão entre as maiores obras pianísticas do compositor. Beethoven tomou uma valsa banal e a transformou em uma obra-prima de incrível criatividade e porte. Para o regente e pianista Hans von Büllow, elas “são um microcosmo da arte de Beethoven”.
Vários aspectos do estilo final de Beethoven criam um apelo emocional incrivelmente direto, uma determinação de tocar a humanidade da maneira mais íntima possível. Um grande exemplo é a Nona Sinfonia. O compositor Richard Wagner dizia: “a Nona traz para a orquestra as palavras, a poesia e a voz humana”.