Maria João Pires se despede dos palcos
Aos 81 anos, a pianista portuguesa Maria João Pires anunciou o fim de sua trajetória como intérprete. O comunicado foi feito durante a entrega do Prêmio Helena Vaz da Silva, da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Ao receber o prêmio, ela declarou: “Encontro-me num processo de mudança radical, numa procura de verdade – verdades –, num caminho de aceitação, talvez de compreensão daquilo que nunca aceitei antes.” Em junho deste ano, a pianista sofreu um problema de saúde, o que a levou a cancelar concertose refletir sobre o encerramento de sua carreira.
Confira o discurso na íntegra;
Seis décadas de música
Maria João Pires iniciou-se no piano ainda criança, realizando seu primeiro recital aos cinco anos de idade. Em 1970, venceu o Concurso do Bicentenário de Ludwig van Beethoven, em Bruxelas, o que impulsionou a sua projeção internacional.
Reconhecida pela delicadeza e pela profundidade de suas interpretações, gravou obras de Mozart, Schubert, Beethoven e Chopin para selos como Deutsche Grammophon e Erato, consolidando-se como uma das pianistas mais respeitadas de sua geração.
Paralelamente à carreira de concertista, dedicou-se a projetos de educação e colaboração artística. Entre eles, o Projeto Partitura, criado para incentivar o diálogo entre músicos de diferentes gerações e promover uma escuta mais consciente no ambiente musical.
Com mais de seis décadas de atuação, a pianista deixa uma obra marcada pelo rigor, pela sensibilidade e integridade artística. Em entrevista ao jornal Público, em 2014, resumiu sua relação com a arte: “A música não é uma profissão. É uma forma de existir.”
O encerramento de sua carreira representa o fim de um ciclo — e a permanência de uma das vozes mais singulares do piano atual.
Assista ao depoimento da artista sobre sua carreira esua relação com a música:
Saiba mais aqui:
Confira no site algumas obras interpretadas por Maria João Pires: