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A VIDA DE BEETHOVEN: PRIMEIRA FASE

A vida de Beethoven: primeira fase

Ludwig van Beethoven nasceu em 17 de dezembro de 1770, em Bonn, Alemanha, em uma família de músicos. O pai, tenor na orquestra da corte de Bonn, reconheceu seu talento e sonhava em transformá-lo em um novo Mozart. Porém sua abordagem de ensino era severa e, muitas vezes, abusiva.

Em 1787, aos 17 anos, Beethoven viajou para Viena pela primeira vez na intenção de estudar com Mozart. No entanto, pouco depois de sua chegada, teve que voltar a Bonn, pois soube do agravamento da saúde de sua mãe, que faleceu em julho do mesmo ano, o que causou um grande impacto emocional no compositor.

Finalmente, em 1792, aos 22 anos, ele se mudou para Viena, onde estudou com Haydn, entre outros professores. Em pouco tempo, tornou-se conhecido como virtuose do piano, professor e compositor.

A produção de Beethoven é geralmente dividida em três fases, ou três estilos. Na primeira fase, que vai até 1802 (Op. 1 a 50), ele emula seus grandes antecessores, Haydn e Mozart. No entanto, também já começava a experimentar contrastes dramáticos, harmonias inovadoras e estruturas expansivas, mostrando sua crescente originalidade e ousadia como compositor.

A seguir, mostraremos algumas das obras escritas por Beethoven durante sua primeira fase.

 

Trio para Piano e Cordas em Dó menor, Op. 1 nº 3

Depois de se mudar para Viena, em pouco tempo Beethoven criou uma reputação como pianista e improvisador. Seus três Trios para Piano e Cordas, Op. 1, são um marco importante em sua carreira. Com eles, Beethoven se mostrava como compositor. 

Ferdinand Ries, aluno de Beethoven, relembra a estreia dos trios, numa soirée na mansão do Príncipe Lichnowski (grande patrono de Beethoven):

“Quase todos os artistas e amantes da música foram convidados, em particular Haydn, cuja opinião todos estavam ansiosos de conhecer. (…) Haydn fez muitos elogios às obras, mas aconselhou Beethoven a não publicar imediatamente o nº 3. Beethoven ficou muito surpreso, porque considerava o terceiro o melhor dos três”.

Beethoven – Trio para Piano e Cordas em Dó Menor, Op.1 nº 3

 

Sonata nº 1 em Fá Menor, Op. 2 nº 1

Haydn certa vez falou ao jovem Beethoven: “Você vai realizar coisas que ninguém jamais realizou (…). Você me parece ser um homem de muitas cabeças e muitos corações. Sempre vai haver alguma coisa irregular em suas composições, coisas belas, mas algo estranhas e sombrias”.

O compositor queria que Beethoven se autointitulasse “discípulo de Haydn”. Ele, porém, se recusou dizendo que pouco ou nada tinha aprendido com o professor. No entanto, talvez como um gesto conciliatório, ele dedicou suas três sonatas do Op. 2 a Haydn

Estas sonatas são o cartão de visitas de Beethoven ao público de Viena. Ele escreveu a Sonata nº 1 em Fá Menor em 1795, ano de seu primeiro recital na cidade.

Beethoven – Sonata nº 1 em Fá Menor, Op 2 nº 1

 

Sonata nº. 1 para Violoncelo e Piano, Op.5 nº. 1

Em 1796, Beethoven estava fazendo uma turnê de concertos, passando por Praga, Dresden, Leipzig e Berlim, sede da corte prussiana. Lá ele se encontrou com o rei Frederico Guilherme II, um talentoso violoncelista amador, e com o diretor de música da corte, Jean-Pierre Duport, um famoso virtuose do violoncelo e professor de Frederico. 

Suas duas Sonatas para Violoncelo e Piano, Op.5, foram compostas durante a estadia em Berlim. Beethoven as dedicou ao rei e as executou para ele com Duport. O enorme desafio técnico que elas apresentam nos diz da qualidade de seus primeiros intérpretes. 

Frederico deu a Beethoven uma caixa de rapé dourada cheia de luíses de ouro. “Um presente digno de um embaixador”, foi o comentário de Beethoven.

Beethoven – Sonata para Piano e Violoncelo nº 1, Op. 5 nº 1

 

Sonatas para piano, Op 26 e 27

A época em que as Sonatas Op. 26 e 27 foram compostas, entre 1800 e 1801, foi muito boa para Beethoven. Ele fazia grande sucesso como pianista e compositor e não tinha mãos para medir a quantidade de encomendas que recebia. 

No entanto, foi nesse período que seus primeiros sinais de surdez começaram a aparecer. Com o agravamento da condição, seu médico lhe recomendou o isolamento no campo, mas não houve melhora. Desesperado, Beethoven escreveu uma trágica carta a seus irmãos, conhecida como o Testamento de Heiligenstadt, em que falava sobre pensamentos de suicídio. “Foi só a arte que me salvou”, afirmou então.

A Sonata Op.27 nº. 2, ou melhor seu movimento inicial, é uma das obras mais conhecidas de Beethoven, em boa parte por causa de seu apelido, “Sonata ao Luar”, dado pelo poeta e crítico musical Ludwig Rellstab, que a descrevia como “uma visão de um barco no Lago Lucerna, à luz da lua”.

PODCAST | Beethoven – Sonata nº 12 em Lá Bemol Maior, Op. 26

Beethoven – Sonata para Piano nº 14, Opus 27 nº 2 – “Sonata ao Luar”

 

 

Concerto para Piano e Orquestra n° 3 em Dó Menor, Op. 37

Este concerto é o primeiro considerado verdadeiramente beethoveniano, já que nele o compositor supera as influências de Haydn e Mozart. Estreado em 1803, teve o próprio Beethoven como solista ao piano. 

Beethoven ainda não havia terminado de escrever o Concerto e pediu ao compositor Ignaz von Seyfried que virasse as páginas da partitura para ele durante a apresentação. Von Seyfried relata sua experiência: 

“Eu não via quase nada, muitas folhas estavam em branco; em uma página ou outra, uns poucos hieróglifos, totalmente incompreensíveis para mim. Serviam de pistas para ele, pois estava tocando o solo de memória. Ele não tinha tido tempo de passar por escrito a partitura. Me dava um olhar secreto sempre que chegava ao fim de uma das passagens invisíveis; eu mal conseguia esconder minha ansiedade para não errar o momento decisivo e isto o divertia muito. Ele deu muitas gargalhadas no jantar comemorativo, logo após o concerto.”

Beethoven – Concerto para Piano e Orquestra nº 3 em Dó Menor, Op. 37

 

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